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“Trazíamos fotolitos e usávamos máquinas de escrever Olivetti. As redações não eram assim tão organizadas”. E foi assim que começou nossa conversa. É impressionante quão pouco sabemos a respeito do que a vida nos reserva e como uma conversa agradável pode fazer ou não uma boa história. Era final de expediente, fomos surpreendidos com a visita de Célio Munhoz Montezuma.

Célio estava no Jornal Opção pela primeira vez. Com voz baixa, educado, ele me conta que esteve na Amazônia, na tríplice fronteira, de norte ao sul do País atuando em praticamente todas as funções dentro de um jornal: repórter, colunista, editor, pauteiro, chefe de redação, editor de internacional, editor de economia, diretor de publicação, além de correspondente nos mais importantes jornais do país. Mas, sua paixão é a reportagem.

Ele também é filho de peixe. Seu pai é um jornalista famoso pelo que pesquisei: Salvador Munhoz, que chegou a ser vereador e presidente da Câmara Municipal da cidade de Teodoro Sampaio, interior de São Paulo. Célio foi correspondente dos jornais O Globo, Jornal do Brasil e Folha de S. Paulo.

Em bate-papo na redação, Célio revelou paixão nostálgica por experiências de reportagem | Foto: Jornal Opção

Na nossa conversa ficou evidente seu encantamento pelo jornalismo ambiental e indígena. “Percorri as jazidas de minério, de estanho (cassiterita), garimpos de ouro e aldeias indígenas. Cobria a luta dos posseiros e denunciava o jaguncismo armado”, relembrou.

Ele escreveu um livro “Do jeito que vi” publicado em 2013 e que traz fragmentos de sua trajetória profissional. Em suas 144 páginas as histórias são divididas em capítulos vão desde “Um jornaleiro na escuridão” a “Pedro, o mais forte sinônimo do Araguaia” em que relata experiências na profissão.

Célio conta fatos que aconteceram entre os anos de 1976 e 1977, vislumbrando mais do que uma boa oportunidade de trabalho quando o repórter resolveu vir para o norte do País para realizar um sonho de quando era menino: conhecer a Amazônia que tanto o fascinava.

Quinze assuntos ao mesmo tempo e a voz de Montezuma se mistura ao barulho da redação. “Existe muita sabedoria dos povos indígenas e que precisamos divulgar (…) Nas minhas últimas reportagens estava interessado em mostrar como as pesquisas brasileiras avançam quando se tem dinheiro e pode ser integrada ao conhecimento tradicional”, comentou.

(pausa para foto)

Euler mostra o pacifismo do gato e cachorro deitados em pose.

– Precisamos resgatar isso, não?
– Minha filha gosta de gatos.
– Precisamos.
– Quem sabe agora, mas vocês viram a quantidade de desmatamento?
– Precisamos ter mais jornalistas em loco mesmo.
– As redações eram mesmo diferentes.