Em trechos divulgados pelo Supremo Tribunal Federal, presidente se mostra exatamente como os eleitores que votaram nele desejam

Vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril | Foto: Reprodução BandNews

O vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, divulgado na tarde desta sexta-feira (22) pelo Supremo Tribunal Federal, no âmbito da investigação que apura possível interferência política presidencial na Polícia Federal, é uma Fantástica Fábrica de Chocolates para os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Nele, o presidente se revela por completo: é grosseiro no vocabulário, é agressivo nas ideias e autoritário no conteúdo. Mas a tentativa de interferência política na Polícia Federal não fica explícita. Enfim, nem se tivesse sido editado pelo grupo de Carlos Bolsonaro teria ficado melhor para a militância.

A reunião mostra as entranhas do bolsonarismo. O próprio presidente reforça o que todos sabem: é grosseiro no vocabulário – ao se referir a veículos de imprensa, a governadores (especialmente João Doria, de São Paulo, e Wilson Witzel, do Rio de Janeiro) e prefeitos – e revela a mania de perseguição. Defende o armamento indiscriminado da população e demonstra-se capaz de qualquer sacrifício pela família e amigos.

O ministro da Educação, Abraham Weitraub, esbarra no fascismo. A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, desenvolve raciocínios conspiratórios. Ricardo Salles, do Meio Ambiente, sugere aproveitar o foco da imprensa na Covid-19 para passar leis sorrateiramente. E Paulo Guedes parece estar em outra sintonia. O ex-ministro Sergio Moro sai da reunião antes do término.

Para aqueles que se chocam com a falta de liturgia, o vídeo da reunião remete aos piores filmes de pornochanchada. Àqueles que admiram Bolsonaro, o palavrear e as expressões raivosas fazem parte de sua genuinidade.

Enfim, Bolsonaro reforçou todos os motivos que levaram milhões de pessoas a votarem nele. As redes sociais bolsonaristas comemoram como se fosse final de Copa do Mundo e já o imaginam reeleito em 2022. Ainda não é. Mas é preciso admitir que o vídeo não foi a bala de prata que muitos esperavam.