Em quem Ronaldo Caiado votará para presidente?
08 setembro 2018 às 23h50

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Dos candidatos a governador, o senador do DEM é o único que ainda não definiu apoio na corrida presidencial

O ex-governador de São Paulo e candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, cumpriu agenda de campanha em Goiânia na quarta-feira, 5. Acompanharam o tucano importantes nomes da política local, como o ex-governador de Goiás e candidato ao Senado, Marconi Perillo, e o atual governador e candidato à reeleição, José Eliton, ambos correligionários do presidenciável.
Além de José Eliton, os partidos de Daniel Vilela (MDB), Kátia Maria (PT) e Weslei Garcia (PSOL) têm candidatos a presidente — Henrique Meirelles, Lula da Silva (enquanto Fernando Haddad não for oficializado) e Guilherme Boulos, respectivamente. Dessa forma, é natural que declarem apoio abertamente e os acompanhem durante visitas a Goiás.
A propósito, Kátia Maria e Weslei Garcia fazem questão de deixar claro, nos debates e nas propagandas eleitorais, em quem votarão para presidente — especialmente a petista, pois faz parte da estratégia eleitoral do partido.
Por sua vez, Marcelo Lira (PCB) e Alda Lúcia (PCO) estão em legendas com coligações muito bem definidas. O PCB apoia o PSOL de Guilherme Boulos e o PCO, o PT de Lula da Silva e Fernando Haddad.
Já o senador Ronaldo Caiado (DEM), líder nas pesquisas de intenção de votos, é o único que ainda não tem o seu apoio a presidente claramente definido e, de maneira oficial, nem deverá ter. Nos bastidores, pessoas ligadas ao democrata comentam que o candidato a governador tem uma preferência por seu colega de Senado, Álvaro Dias (Podemos). Mas, publicamente, isto dificilmente será dito.
Quando perguntado sobre o assunto — eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) geralmente são os que mais querem saber —, Ronaldo Caiado desconversa e costuma dizer que sempre defendeu a tese de que seu partido deveria ter um candidato à Presidência e, como não o tem — o deputado federal Rodrigo Maia (DEM) chegou a se colocar como pré-candidato, mas desistiu para apoiar Geraldo Alckmin —, priorizará a eleição em Goiás, estando disposto a dialogar com quem for eleito, caso vença o pleito.
Ronaldo Caiado desvia o foco também quando questionado se Jair Bolsonaro seria um bom presidente. O senador diz apenas que o presidenciável do PSL tem o direito de ser candidato, mas não responde se, de fato, é uma boa opção.
Além disso, o governadoriável do DEM pontua que, em Goiás, nunca se nacionalizou uma eleição e sugere que a deste ano permaneça da mesma forma. Contudo, é inevitável que este tipo de questionamento seja levantado por dois motivos: o momento atual da política brasileira — em que a eleição para presidente nunca foi tão debatida — e o fato de que Ronaldo Caiado, frise-se, é o único candidato a governador que não declarou apoio a algum presidenciável.

Alianças regionais
O impasse de Ronaldo Caiado sobre o apoio presidencial se dá pelo fato da aliança costurada em torno de sua candidatura a governador. Em Goiás, o DEM se aliou a outros 11 partidos — PRP, Pros, PMN, PMB, PSC, Democracia Cristã (DC), PSL, Podemos, PTC, PRTB e PDT. Destes, quatro têm candidatos próprios a presidente — DC (José Maria Eymael), PSL (Jair Bolsonaro), Podemos (Álvaro Dias) e PDT (Ciro Gomes).
PSC e PRTB indicaram Paulo Rabello de Castro e Hamilton Mourão para a vice de Álvaro Dias e Jair Bolsonaro, respectivamente. O presidenciável do Podemos recebeu também o apoio do PRP e do PTC. Já o Pros coligou com o PT. O PMN, que tinha a jornalista Valéria Monteiro como pré-candidata, e o PMB preferiram não apoiar nenhum candidato.
Portanto, a coligação de Ronaldo Caiado contempla seis concorrentes ao cargo de presidente — já que o DEM está com Geraldo Alckmin — e, assim, é até compreensível que o senador, que se posiciona em diversos fatos nacionais, se omita neste. Afinal, poderia perder pontos com simpatizantes — ou, no mínimo, gerar algum atrito em sua base de apoio.
A verdade é que a maioria das alianças regionais tende a ser contraditória devido à quantidade de partidos existentes e ao fisiologismo dos mesmos. O PT, por exemplo, está compondo com o MDB em vários Estados, apesar da divergência em relação ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Os outros dois principais candidatos ao governo de Goiás também sofrem, em menor escala, desse mesmo mal. PP e PRB, que apoiam Daniel Vilela, estão com Geraldo Alckmin no âmbito nacional. Neste caso, o PHS é o único partido que coligou com o MDB tanto para governador quanto para presidente.
Na coligação de José Eliton, grande parte dos partidos mantém a coerência e apoia Geraldo Alckmin e a reeleição do governador. São os casos de PTB, PR, PSD, PPS e Solidariedade. A Rede, de Marina Silva, e o Patriota, de Cabo Daciolo, têm candidaturas próprias. O PV banca a vice da ex-ministra do Meio Ambiente e o Avante compõe a aliança de Ciro Gomes.
O PSB, por fim, está neutro na disputa pela Presidência em razão da manobra feita entre o partido e o PT para reforçar a reeleição do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e enfraquecer o presidenciável do PDT, que tentou se aliar aos socialistas.
Apesar da ampla aliança, José Eliton tem Geraldo Alckmin definido como candidato a presidente. Ronaldo Caiado deveria fazer o mesmo e seguir o caminho do DEM? Difícil, dada a divergência estadual com o PSDB. Tampouco o faria com Ciro Gomes e o candidato do PT, já que o democrata é crítico da esquerda.
Mas o senador poderia ao menos deixar claro aos seus eleitores se está mais para Jair Bolsonaro ou Álvaro Dias — a DC de José Mária Eymael também está inserida na coligação, mas o candidato é inexpressivo.
Em entrevista ao Jornal Opção em maio deste ano, o deputado estadual Lívio Luciano, do Podemos, afirmou que Ronaldo Caiado se parece mais com Álvaro Dias. “Caiado é mais sensato. Bolsonaro tem um estilo mais arrasa quarteirão”, disse.
Muitos eleitores do presidenciável do PSL, porém, pensam diferente e veem em Ronaldo Caiado a representação de Jair Bolsonaro na disputa pelo governo — em Goiás, o representante mais fiel seria o deputado federal Delegado Waldir Soares (PSL), que pleiteia a reeleição à Câmara dos Deputados.