Confira uma fotografia que mostra Goiânia em 1955

03 janeiro 2023 às 15h58

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Carlos César Higa
Antes dos drones, as imagens aéreas eram feitas por aviões ou helicópteros. O fotógrafo tinha que ter estômago forte para aguentar o chacoalhar das antigas aeronaves, um olhar perspicaz para achar o ângulo perfeito e uma fé inabalável para que seus equipamentos funcionassem perfeitamente lá de cima e aqui embaixo quando as fotos fossem reveladas. Durante a construção de Goiânia, algumas fotos aéreas mostram os prédios em construção, as ruas sendo abertas, a cidade crescendo em ritmo acelerado.
Essa ideia de um metrô por baixo da Avenida Anhanguera me faz sonhar com a Goiânia do futuro com os olhos voltados à sua vocação artística. Pois é, a nossa capital foi inaugurada em 5 de julho de 1942 sob a proteção de um Batismo Cultural. — Doracino Naves, no livro ‘Romanceiro de Goiânia’
Na foto acima nós vemos Goiânia em 1955: a Praça Cívica, as avenidas Tocantins, Goiás e Araguaia, o Setor Sul com seus sobrados. Ao fundo, é possível ver o aeroporto da capital onde hoje é o Setor Aeroporto. Noventa mil pessoas moravam em Goiânia e outras tantas eram esperadas para cá. A cidade já começava a extrapolar o projeto do arquiteto Attílio Corrêa Lima. Ainda não havia arranha céus e os carros não provocavam filas nas avenidas.
Apesar da visão de cima dar a impressão de calmaria, no chão já era possível sentir a necessidade de mudanças. Com o crescimento da cidade, o aeroporto perto da região central não tinha o menor cabimento. Era preciso procurar outro lugar para o sobe e desce dos aviões. Por isso, o Aeroporto Santa Genoveva já estava em construção e onde eram as pistas dos aviões, em breve, se tornaria o Setor Aeroporto.
No mesmo ano que a foto foi tirada, um candidato presidencial pelo PSD, Juscelino Kubitschek, prometera construir a nova capital do país no Planalto Central. O candidato foi eleito e no ano seguinte já começaria a construção de Brasília, o que mudaria para sempre a rotina e o traçado de Goiânia. E o crescimento das duas cidades seriam registradas pelas lentes dos fotógrafos corajosos que enfrentavam o medo para registrar esse momento histórico.
Carlos César Higa é mestre em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG).