A literatura de Bernardo Élis é protagonista em livro de Ciência

05 janeiro 2023 às 09h37

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Nilson Jaime
Na Livraria Martins Fontes, na Avenida Paulista, deparo-me tardiamente com o denso e elucidativo “Vastos Sertões — História e Natureza na Ciência e na Literatura” (Rio de Janeiro: Mauad; Fapeg, 2015, 329 páginas), organizado pelos professores Sandro Dutra e Silva, Dominichi Miranda de Sá e Magali Romero Sá.
O primeiro, doutor em História Social pela Universidade de Brasília, é pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Evangélica de Goiás (UniEvangélica); vice-presidente da Sociedade Goiana de História da Agricultura (SGHA); membro do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG); e do Instituto Cultural Bernardo Élis Para os Povos do Cerrado (Icebe).

Os demais organizadores, doutores, pesquisadores e professores da Casa de Osvaldo Cruz/Fiocruz.
O livro foi construído em três partes: História e natureza na interpretação da ocupação dos sertões e do Oeste; História e natureza na Ciência; e História, natureza e literatura.
Ao todo, 24 autores participaram da empreitada, dentre eles, a recém-empossada ministra da Saúde do terceiro governo Lula, Nísia Trindade Lima, autora do capítulo “A nova capital do Brasil: ciência e política nas comissões de estudos do Planalto Central das décadas de 1940 e 1950”, em parceria com Tamara Rangel Vieira.
A literatura de Bernardo Élis protagoniza três dos cinco capítulos da terceira parte do livro. Primeiramente, “O ambiente perdido do distante sertão — homem e natureza na prosa de Bernardo Élis”, por Luciana Murari.

Depois, “Ermos sertões, distantes gerais: o Cerrado goiano na literatura de Bernardo Élis”, escrito por Sandro Dutra e Silva, Áurea Marchetti Bandeira e Tálliton Túlio Leonel de Moura.
Fechando a parte três — e o livro —, “Colonialismo no grande sertão: os jagunços de Bernardo Élis”, pelos pesquisadores Wilma Martins de Mendonça e Thiago Fernandes Soares Ribeiro.
O livro, de escopo interdisciplinar, faz a associação entre a construção do País e a conquista da natureza. Obra de interesse das Humanidades e das Ciências Ambientais, deixa implícita (também explícita?) a contemporaneidade e a universalidade da literatura do autor de “O Tronco” (1956) e “Veranico de Janeiro” (1965).
Depreende-se, dos capítulos em questão, que a literatura de Bernardo Élis é atual e reflexiva, através de uma narrativa peculiar e compromissada com a realidade sertaneja.
Nilson Jaime é doutor em Agronomia, presidente do Icebe e editor-geral do Projeto Goiás +300.