SBT News é positivo para o mercado, mas a rede não tem o hábito de constância em jornalismo

18 outubro 2025 às 21h00

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Nos tempos de Boris Casoy, o jornalismo do SBT se tornou de alta qualidade. Por dois motivos. Primeiro, pelo capital humano. Jornalistas do primeiro time foram contratados como repórteres, editores e produtores. Segundo, a estabilidade da programação e da equipe. Na época, a credibilidade do jornalismo do “Seu” Silvio era similar à da TV Globo.
Mesmo num mundo que tem pressa, programas jornalísticos, sobretudo os de qualidade, precisam de tempo para se firmar e formar seu público. Porém, desde a saída de Boris Casoy e dos profissionais que o acompanhavam, durante anos, o jornalismo do SBT perdeu substância e identidade.
Há jornalistas de qualidade no SBT, mas falta uma política jornalística de médio e longo prazo. Assim, os programas e os profissionais não se firmam.
Então, quando o SBT anuncia o lançamento de seu canal de notícias multiplataformas — em 15 de dezembro —, ainda que seja uma boa notícia, é preciso pôr um pé atrás. O canal vai ficar no ar por quanto tempo? A equipe será mantida ou as mudanças serão constantes?

Considerando o histórico do SBT, ao menos nos últimos anos — quando o jornalismo se tornou peça secundária —, os próprios profissionais que estão sendo contratados precisam pôr um pé atrás. Amanda Klein, que será apresentadora, e os comentaristas Basília Rodrigues (excelente analista egressa da CNN) e Sidney Rezende (um dos mais experimentados da televisão) são profissionais do primeiro time. Sérgio Aguiar, não anunciado, seria importante para apresentar um programa semelhante ao “Em Pauta”, da GloboNews.
Numa rede de televisão, na qual o jornalismo costuma ser mais o sorriso do poder e a cárie da sociedade, o SBT News competirá com a GloboNews? Muito difícil. Mas a minha torcida é para que dê certo e que mais profissionais de qualidade sejam contratados e possam desenvolver um trabalho de médio e longo prazo.
Se esperar audiência imediata, similar à da GloboNews — que, por sinal, não é alta —, o SBT News vai desmontar a equipe logo nos primeiros meses. Porém, se esperar ao menos um ano, acostumando o público aos novos programas e aos seus profissionais, poderá colher frutos mais duradouros.
O faturamento, ao menos no início, não será fabuloso. O que também poderá levar ao desmanche de uma equipe que ganha mais para se contratar uma equipe que perceba menos.
Recém-contratada, Amanda Klein, que será apresentadora, disse: “Estou muito animada com esse novo desafio. É um orgulho poder participar de um projeto totalmente jornalístico que já nasce com a força e todo o alcance da marca SBT”.
As palavras de Amanda Klein, profissional de primeira linha, é o que se pode chamar de “otimismo em gotas”.
O diretor nacional de Jornalismo do SBT, Leandro Cipoloni, segue o entusiasmo da nova colega: “Teremos um time altamente qualificado, pronto para oferecer uma cobertura de excelência de uma das eleições mais importantes da história recente do país”.
O SBT News será uma operação multiplaforma. A distribuição será feita pelas principais operadoras de TV por assinatura, com transmissão ao vivo pelo YouTube e presença nos canais de streaming gratuito (Fast) para TVs conectadas.