Sai em fevereiro a biografia de Divaldo Franco, o sucessor de Chico Xavier

25 janeiro 2015 às 12h33
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A jornalista Ana Landi, segundo a revista “Veja”, vai lançar, em fevereiro, a biografia do médium Divaldo Franco, de 87 anos, apontado como sucessor do médium dos médiuns, Chico Xavier. Lauro Jardim, da coluna “Radar”, afirma que Franco sustenta que se comunica “com os espíritos desde os 4 anos”. Ele já psicografou 300 livros e “adotou 700 crianças e jovens”. No texto de Ana Landi, publicado abaixo, fala-se em mais de 600 órfãos.
Divaldo é o sucessor de Chico Xavier?
Pai adotivo de mais de 600 órfãos, Divaldo Pereira Franco é considerado o maior médium do país. Especialistas creem que total de simpatizantes do espiritismo supere 30 milhões
Ana Landi
O Brasil é a nação com o maior número de seguidores do espiritismo, doutrina criada no século 19 por Allan Kardec, que teve em Chico Xavier sua maior expressão no país. Segundo o Censo 2010 do IBGE, cerca de quatro milhões de pessoas são espíritas. O número é considerado subestimado, pois o instituto considera apenas quem se afirma especificamente kardecista.
Especialistas acreditam que o total de simpatizantes do espiritismo supere os 30 milhões. O cenário, no entanto, era muito diferente no início da década de 1930, quando, em uma Feira de Santana (BA) provinciana e predominantemente católica, as primeiras visões começaram a amedrontar o pequeno Divaldo Pereira Franco.
Algumas visões eram terríveis. Por vezes tão cruéis, que o menino só conseguia dormir se refugiando na cama dos pais, de mãos dadas com a mãe, dona Ana. Outras, mais amorosas, tentavam consolá-lo ou enviar recados. Uma das primeiras a se identificar foi a avó dele, Maria Senhorinha. O espírito apareceu para o menino de 4 anos, pedindo que chamasse a filha.
Divaldo não sabia o significado da palavra avó ou avô. Todos haviam morrido antes de seu nascimento. Dona Ana também não conheceu a mãe, morta por complicações no parto. Mas o filho insistiu e ela o levou correndo à casa de uma irmã mais velha, Edwirges. Lá, a tia pediu a descrição da mulher que apareceu para Divaldo e ele a descreveu com detalhes.
Desse momento em diante, Divaldo ganhou o apoio irrestrito da mãe. Com o pai, as coisas não foram fáceis. Durante anos, o homem simples, comerciante de fumo, teve um único aliado para fazer o filho parar de falar com os mortos: um chicote feito de cipó de goiabeira.
Como tudo começou
O primeiro contato de Divaldo com o espiritismo foi em 1944. Mal tinha se recuperado de uma tragédia familiar envolvendo o suicídio da irmã Nair, ele enfrentou novo golpe. Um de seus irmãos, José, morreu vítima de um aneurisma. Em poucas horas, Divaldo deixou de andar e uma paralisia o deixou preso à cama por mais de seis meses. Quem o curou foi uma famosa médium de Salvador, Ana Ribeiro Borges. Assim que o visitou, ela viu que o problema era espiritual. Seria reflexo da presença perturbadora de José. Aturdido pela morte inesperada, o moço estaria preso ao único na casa portador de mediunidade ostensiva. No mesmo dia, Divaldo voltou a andar.
A partir daí, Divaldo iniciou suas atividades como espírita e não parou mais. Mudou-se para Salvador (BA) e abraçou em tempo integral a doutrina e as ações de caridade por ela pregadas. Em maio, ao completar 86 anos, celebra também mais de 65 anos ininterruptos dedicados à população carente e à atividade mediúnica.
O médium já fez quase 15 mil palestras no Brasil e em 64 países lá fora. Psicografou mais de 250 livros que, juntos, venderam 10 milhões de exemplares. Nunca ficou com um único centavo das vendas. A renda é doada, em cartório, à sua maior obra: a Mansão do Caminho, entidade beneficente fundada há 60 anos, em Salvador.
O complexo, obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção, fundado em 1947, tem 83 mil metros quadrados, mais de 50 prédios e atende diariamente a quase 5 mil crianças e jovens de famílias de baixa renda do bairro Pau da Lima, um dos mais carentes e violentos da capital baiana.Tem creche, escolas de ensino fundamental e médio e cursos complementares. Mantém ainda moderno centro de parto normal e laboratório de análises clínicas. Toda essa estrutura emprega mais de 300 funcionários e 400 voluntários em caráter permanente.
Acolhimento de órfãos
O trabalho assistencial de Divaldo começou no centro da cidade, com o recolhimento de órfãos. Centenas foram chegando, jogados às portas da instituição. Com o tempo, a casa ficou pequena. Com a ajuda de colaboradores, Divaldo e Nilson de Souza Pereira, seu braço direito, compraram o terreno de Pau da Lima, à época um grande aterro sanitário. Ali, construíram tudo praticamente com as próprias mãos. As crianças continuaram chegando. Divaldo adotou, em seu nome, mais de 600. E elas continuam chegando.
(Texto extraído do site: http://irmasheila.blogspot.com.br/2013/03/divaldo-sucessor-de-chico.html)