Rosana Melo, rainha da reportagem policial, dá um ‘banho’ nos repórteres do Diário da Manhã e do Hoje

20 agosto 2015 às 11h10
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O Popular conta a história do assassinato de um policial militar e de uma comerciante, mas amplia a história, dando-lhe um contexto
Não há a menor dúvida: a repórter Rosana Melo [foto acima, de seu Facebook], de “O Popular”, é a rainha do jornalismo policial de Goiás. Com fontes cultivadas ao longo do tempo e com uma determinação rara, a jornalista quase sempre supera seus concorrentes.
Na cobertura do assassinato de um cabo da Polícia Militar, Fernando Alves Batista, e da proprietária da Distribuidora [de bebidas] e Mercearia Solo, Maria das Dores Sampaio Rodrigues da Silva — vítimas prováveis de uma guerra entre traficantes —, Rosana Melo, a repórter-redação, deu um baile nos coleguinhas do “Diário da Manhã” e de “O Hoje”.
O repórter Nasser Najar, do “Diário da Manhã”, escreveu, na reportagem “Policial e mulher são mortos em porta de distribuidora de bebidas”: “Na noite de terça, 18, no Setor Santa Fé, dois carros passaram na porta de uma distribuidora de bebidas e os passageiros efetuaram diversos disparos. O cabo da policia [o jornal não põe acento agudo no primeiro “i” e não escreve Polícia com “P” maiúsculo] militar [o “M”, no caso, é maiúsculo] morreu no local e outras duas pessoas foram feridas e encaminhadas para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo)”. Informa-se que uma mulher morreu, mas seu nome não é mencionado. Acrescenta-se: “Testemunhas não conseguiram quantificar o número de passageiros dos dois veículos”. O “Pop” e “O Hoje” nada informam sobre dois feridos.
A reportagem de “O Popular”, “Tráfico de drogas — Guerra entre quadrilhas faz mais duas vítimas”, de Rosana Melo, explica os fatos da maneira mais ampla possível, apresentando o contexto de uma história que tem antecedentes. “O cabo da Polícia Militar Fernando Alves Batista bebia cerveja na distribuidora de Maria das Dores Rodrigues da Silva, de 51 anos, quando seis homens e uma mulher fortemente armados chegaram em um Fox branco e em um Gol branco e invadiram o local atirando”. Compare, leitor, com as informações do parágrafo anterior e concluirá, por si, quem fez jornalismo de primeira linha e quem não fez.
O “Pop” conta que Maria das Dores (baleada, morreu no Hugo) revelou à polícia que “entre os executores estariam Marcola e Minhoca, membros da quadrilha liderada por Iterley Martins de Souza, que está foragido e seria o líder do tráfico na região sudoeste da capital”.
Rosana Melo explica que outra quadrilha, liderada por Thiago César de Sousa, o Thiago Topete, metralhou “a porta de uma casa na Rua 21 de Abril, no Parque Anhanguera e” feriu “um casal que estava no local”. As duas quadrilhas, em pé de guerra, comportam-se como terroristas — matando, além dos rivais, pessoas “inocentes”, como, possivelmente, o militar. A reportagem do “Pop” contém apenas um erro, mas não é de informação: “A guerra por território para o tráfico de drogas na capital, com ‘O Popular’ mostrou novamente”. O certo é “como ‘O Popular’”. Fora o deslize, a reportagem é impecável, o que prova que repórteres especializados, como a rainha Rosana Melo, não são descartáveis.
Rosana Melo anota que a guerra entre os traficantes pode ter provocado a morte de 30 pessoas. A repórter sublinha que parte do tráfico de drogas e dos assassinatos é dirigida por criminosos que estão presos.
A reportagem de “O Hoje” (texto de Karla Araujo e Anderson Costa), embora não tão ampla quanto a de “O Popular”, apresenta os fatos de maneira precisa. O jornal diz que Maria das Dores tinha 52 anos — o “Pop” garante que tinha 51 anos. Os repórteres escrevem bem — há apenas um erro (“atuma” no lugar de “atuam”) — e apresentam as informações com o máximo de clareza.