Repórter critica colonialismo e diz que O Popular só publica artigos de medalhões de São Paulo

24 novembro 2019 às 00h00

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“Até quando ‘O Popular’ vai ser um jornal sem opinião? Até quando vai continuar terceirizando sua opinião sobre fatos locais, nacionais e internacionais?”
Um jornalista de “O Popular” (pediu anonimato da fonte, mas apresentou seu nome a repórter do Jornal Opção) mandou uma carta para a redação, da qual se publicará os principais trechos.
“Na redação de ‘O Popular’, na qual pontificam jornalistas de competência comprovada, há um sonho: escrever nas páginas 2 e 3. Nós dizemos, só nos bastidores — porque tememos retaliação —, que o jornal reproduz um vício colonialista, quer dizer, jornalista bom é o de ‘fora’, os ‘locais’ são meros carregadores de piano. Começo pela edição de domingo, 29: há quatro artigos nas duas páginas — nenhum de profissional da redação. Dois são de Eliane Cantanhêde, de ‘O Estado de S. Paulo’, e Ruy Castro, da ‘Folha de S. Paulo’. Aliás, seus artigos saem em outros jornais do país — tão provincianos quanto o veículo da Serrinha. Na segunda-feira, 30, repete-se o colonialismo: nenhum artigo é de jornalista da redação. O filósofo Luiz Felipe Pondé, que escreve na ‘Folha de S. Paulo’, e Ruy Castro, da mesma ‘Folha’, são os destaques da página 3, a mais cobiçada. Na terça-feira, 1º, Eliane Cantanhêde volta a escrever e abre-se espaço para o deputado estadual Talles Barreto, de Goiás (ufa!). Na quarta-feira, 2, é a vez de Elio Gaspari e, de novo, Ruy Castro, ambos da ‘Folha’. Na quinta-feira, 3, é a vez do psicanalista Contardo Calligaris, que escreve na ‘Folha’”.
“A direção de ‘O Popular’ pensa que é moderno publicar os ‘medalhões’ da imprensa de São Paulo, mas na verdade se trata, como o Jornal Opção já apontou, da velha política colonialista. A cúpula de ‘O Popular’ trata São Paulo (e, às vezes, o Rio de Janeiro) como uma espécie de Corte — e Goiás seria uma província. O que queremos mesmo é escrever na página 3. Sugerimos a Fabrício Cardoso e Silvana Bittencourt, editores competentes, que façam uma reunião e perguntem se queremos escrever artigos. Vão ficar surpresos. A maioria vai se prontificar a escrever. É provável que alguns digam: ‘Quero, mas não sei’. Ora, alguém aprende a ser articulista sem começar a escrever artigos?”
“Até quando ‘O Popular’ vai ser um jornal sem opinião? Até quando vai continuar terceirizando sua opinião sobre os fatos locais, nacionais e internacionais? Até quando nós, jornalistas do ‘Popular’, vamos continuar fingindo que os leitores não percebem o nosso provincianismo?”