Política velha e superada de Sidônio Palmeira libera mais dinheiro para a Globo

27 setembro 2025 às 21h00

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O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, não tinha, a rigor, uma política de comunicação. A Secretaria de Comunicação Social (Secom) liberava dinheiro farto para a TV Record, do aliado político Edir Macedo, e para empreendimentos menores mas barulhentos no apoio à direita, como a Jovem Pan (diga-se que estou entre seus críticos, mas não entre os favoráveis a cassá-la).
O governo de Jair Bolsonaro passou quatro anos apostando que poderia, reduzindo a verba da TV Globo, quebrá-la. Não conseguiu, claro. Mas contribuiu para a Globo arregimentar sua equipe de jornalistas e produzir um jornalismo acentuadamente crítico aos equívocos do gestor de direita.
No governo de Lula da Silva, antes e na gestão de Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social, a Globo voltou a reinar, soberana, no que se refere às verbas federais.
Numa reunião da Comissão de Constituição da Câmara dos Deputados, em Brasília, o parlamentar Junio do Amaral, do PL, disse que os valores destinados à rede da família Marinho “teriam sido 17 vezes maiores que os direcionados ao SBT, que ocupava a segunda posição de gastos publicitários federais” (o texto entre aspas é da “Folha de S. Paulo”).
De acordo com Sidônio Palmeira, a informação prestada por Junio do Amaral é incorreta.
A Secom assegura que, em 2024, “a Globo recebeu investimentos publicitários do governo Lula da Silva quatro vezes maiores que a Record, segunda colocada na distribuição de verbas”.
O Painel Nacional de Televisão informa que “a Globo encerrou 2024 com média de 13 pontos de audiência, enquanto a Record registrou 5,1 pontos e o SBT 3,4 pontos”.
Os dados mostram que a audiência da Globo supera tanto a da Record quanto a do SBT. Mas o que a reportagem da “Folha” não acentua é que a média de audiência das redes brasileiras, inclusive da Globo, caiu muito. Trata-se de uma audiência que se pode chamar de “crítica” e “alarmante”.
Parte substancial da audiência das grandes redes está migrando para outros lugares, o que deveria levar o ministro Sidônio Palmeira — que parece raciocinar pelos velhos esquemas, pré-internet — a pensar numa política de comunicação mais abrangente, no sentido de distribuição dos recursos financeiros públicos.
Sidônio Palmeira assinalou: “Não tenho compromisso com nenhuma agência publicitária ou veículo de comunicação. O critério para distribuição da verba foi, é, e sempre será audiência; portanto, não há preferência por jornal A ou B”.
O ministro pode não ter compromisso com agência ou meio de comunicação, ao menos não diretamente. Mas sua política de comunicação é velha e superada. Audiência, mesmo em queda, continua determinante. Por que não se fazer uma pesquisa abrangente, por exemplo, a respeito da influência do jornalismo regional no campo digital?
O ministro informa que o governo federal empenhou 268 milhões de reais para campanhas publicitárias do ano de 2025.