Operações Mãos Limpas destruiu políticos e pegou leve com empresários

27 maio 2016 às 11h56

COMPARTILHAR
Vice-ministro garante que corrupção, longe de acabar, aumentou na Itália
O vice-ministro de Infraestrutura e Transporte da Itália, o escritor Riccardo Nencini, é secretário-geral do Partido socialista Italiano (PSI). Ele esteve no Brasil e concedeu uma entrevista aos repórteres Ana Dubeux e Leonardo Cavalcanti, do jornal “Correio Braziliense”.
Nencini afirma que a Operações Mãos Limpas acabou com os partidos — e os políticos foram substituídos por outros —, mas não com a corrupção. “Hoje, a corrupção serve, sobretudo, para dar mais riqueza ao político e não ao partido.” Integrantes da burocracia pública também estão se enriquecendo. Um magistrado da Operações Mãos Limpas disse, segundo Nencini, que “a corrupção está aperfeiçoada”. Assim, “a Mãos Limpas não serviu de nada. (…) Foi muito carinhosa com os empresários”.
Nencini não quis discutir o problema brasileiro, mas a Operação Lava Jato, ao contrário da italiana, está prendendo políticos e empresários. Há quem sugira que está sendo mais dura com os empresários. O bilionário Marcelo Odebrecht, apesar da contratação de um batalhão de advogados altamente especializados, está preso há vários meses. O que se espera é que, sem acórdãos, seja implacável também com os políticos.
A Operações Mãos limpas prendeu muitas pessoas, afirma Nencini, mas a maioria não foi processada e condenada. Os “resultados práticos e processuais” foram “muito pequenos”.