O vexame que a imprensa não descobriu
16 julho 2016 às 10h14
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Um assessor de alto escalão relatou sobre o dia em que a imprensa salvou seu assessorado de um vexame. Na verdade, “passando recibo”, para ele, de outro vexame.
Era o lançamento de uma cartilha importante para o órgão, do governo federal, conta ele. Ocorre que seu chefe não tinha lido absolutamente nada da cartilha que seria divulgada e o informou isso em cima da hora. Despreparo, negligência, chame-se como se quiser a postura do superior. A sorte foi que o despreparo não era só dele: nenhum dos jornalistas presentes à coletiva tinha lido o material. Ficaram “elas por elas”, com todos falando sobre o release e algumas generalidades.
“Deus” está nos detalhes, dizia o arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe. Uma leitura mais atenta, além do fornecido pela assessoria, é a base de uma boa reportagem. Jornalismo investigativo nas coisas micro, o que poderia ter desmascarado um agente público negligente. Mas a imprensa acabou cumprindo o papel que o governo gostaria: apenas declarou as formalidades.