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Há uma aposta de que o paulista César Augusto Tralli Júnior, de 54 anos, será o substituto de William Bonemer Júnior, de 62 anos (em novembro), na apresentação do “Jornal Nacional”, o principal telejornal da TV Globo.

A informação de que o paulista William Bonner será substituído sai com frequência em jornais, revistas e sites. O jornalista e a Globo nunca falaram, ao menos publicamente, de aposentadoria imediata. Mas comenta-se, nos bastidores da rede, que o jornalista planeja mesmo se aposentar, em breve, mas sem data definida.

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William Bonner e Renata Vasconcellos: apresentadores-titulares do “Jornal Nacional” | Foto: Divulgação

O que se sabe, e parece informação verdadeira, é que William Bonner planeja continuar no “Jornal Nacional”, mas como editor-chefe, função que já desempenha há anos. Poderia também ancorar um programa de entrevista tanto na Globo quanto na GloboNews.

Com pouco mais de 60 anos, William Bonner é saudável e continua apresentando muito bem as notícias, sem titubeios. A voz e entonações continuam perfeitas e não erra quem diz que se trata do melhor apresentador de telejornal da televisão brasileira, ao menos no universo masculino.

Se William Bonner planeja se aposentar, e o momento chega para todos, até para os melhores, quem poderá substitui-lo?

A hora dos jornalistas negros: Aline e Márcio

Há quem postule que chegou a hora de um jornalista negro assumir a bancada de apresentador do “Jornal Nacional”, e não apenas nas folgas e férias do titular.

O paulista Heraldo Pereira, que há décadas trabalha na Globo, tem experiência como apresentador tanto na Globo quanto na GloboNews. Poderia ser o substituto de William Bonner.

Mas, se planejam substituir William Bonner por causa da idade, por que colocariam em seu lugar um jornalista mais velho do que ele, como Heraldo Pereira, de 64 anos? Não parece lógico.

Márcio Bonfim Foto Reprodução da Globo
Márcio Bomfim: excelente apresentador da Globo | Foto: Reprodução

Então, Márcio Bonfim, negro como Heraldo Pereira, poderia ser o substituto? O paulista, de 39 anos, apresenta o telejornal NET1, da Globo Nordeste, em Pernambuco.

Márcio Bonfim é um profissional experimentado, com excelente voz e um senso de tempo que se aproxima do de William Bonner. É jovem, bonito e simpático. Falta-lhe a descontração, a firmeza e, até, o glamour do titular do “JN”, mas isto só se obtém com o tempo. (Afinal, William Bonner já foi “menor” do que Cid Moreira.)

Nas folgas de William Bonner, Márcio Bonfim apresenta o “Jornal Nacional” às vezes ao lado da excelente Aline Aguiar (precisa ser um pouco menos sisuda). Os dois compõem uma dupla de alta qualidade. Assim como Aline Midlej aparece bem como apresentadora do “JN”.

Promover Márcio Bonfim será premiar seu talento. A Globo seria de fato moderna se colocasse dois negros competentes como Márcio Bonfim e Aline Aguiar (ou Aline Midlej) como apresentadores.

Se William Bonner deixar o “Jornal Nacional”, a dupla com Renata Vasconcellos será, claro, desfeita.

A tendência é que a Renata Vasconcellos seja mantida na apresentação. Aos 52 anos, ainda é jovem (escapa ao típico etarismo), competente e tem empatia com os telespectadores.

Ainda assim, é notório que a direção de Jornalismo da Globo está, por assim dizer, experimentando dois de seus jovens talentos, Aline Aguiar e Aline Midlej. Uma delas, talvez a primeira, pode ser efetivada, em algum momento, como apresentadora.

Aline Aguiar Foto Divulgação
Aline Aguiar: uma das mais qualificadas apresentadoras do telejornalismo global | Foto: Divulgação

Aline Aguiar é contida e Aline Midley exala simpatia. As duas estão prontas, naturalmente, para apresentar o “Jornal Nacional” em tempo integral, quer dizer, de segunda a sexta-feira.

César Tralli e Nilson Klava: os mais cotados

Há quem aposte que o substituto de William Bonner será César Tralli, sete anos mais novo do que o colega. Mas praticamente da mesma geração.

William Bonner se tornou apresentador-titular do “JN” em 1996, aos 33 anos. César Tralli assumirá a apresentação do telejornal aproximando-se dos 60 anos? Não se sabe. A Globo tem o hábito de manter o mesmo apresentador por um longo tempo. Daqui a sete anos, o jornalista teria a mesma idade do atual apresentador.

Os trunfos de César Tralli são vários: simpatia, empatia com colegas e telespectadores, competência, habilidade na concentração de notícias. Sobretudo, continua um repórter de primeira linha. Mesmo como apresentador, permanece apurando, o que possibilita diálogo mais produtivo com os repórteres. Não é, por isso, um escravo do teleprompter.

Dada a alta competição com os telejornais que massificam as informações o dia inteiro, além dos jornais e sites que atualizam suas informações rapidamente, o “Jornal Nacional” parece obsoleto, aqui e ali, e com pontas soltas. Às vezes, chega “velho” à casa dos telespectadores. Mas ainda é capaz de produzir reportagens de alta qualidade e faz sínteses de qualidade dos acontecimentos do dia. Seria adequado colocar um comentarista de política e economia, com um ou dois minutos cada, para analisar os fatos diários.

Aline Midlej: sucesso tanto na GloboNews quanto no “Jornal Nacional” | Foto: Divulgação

Por ser muito rápido, com muitas notícias, o “JN” cuida de exibir as consequências, mas não se preocupa em explicar as causas dos problemas. É como se não tivessem origem e brotado do nada.

Com seu espírito de repórter, César Tralli poderia resolver o problema, convocando, ao menos algumas vezes por semana, jornalistas como Demétrio Magnoli, Joel Pinheiro, Flávia Oliveira, Maria Cristina Fernandes, Guga Chacra, André Trigueiro e Gerson Camarotti para explicar os fatos aos telespectadores.

Se o leitor me perguntar “quem você acredita que realmente substituirá William Bonner?”, não terei o que dizer. Porque não tenho bola de cristal (a bola de cristal do jornalista é a razão).

Mas arrisco uma opinião — sim, opinião. É perceptível que a Globo está apostando no jornalista paranaense Francenilson Paulo Klava, 30 anos em dezembro, para assumir alguma coisa, talvez a apresentação do “Jornal Nacional”.

Nilson Klava trabalhou como repórter, fez comentários sobre a política de Brasília e foi guindado à apresentação de um telejornal na GloboNews, ao lado da mestre Monica Waldvogel.

Em seguida, Nilson Klava foi enviado como correspondente para os Estados Unidos. Experiência nacional, o repórter já tem. Agora, a Globo está lhe proporcionando um banho global. Porque, de alguma maneira, o país de Toni Morisson e, sim, Donald Trump, comporta um cadinho do mundo.

Morando uns dois ou cinco anos na terra de Faulkner e Joyce Carol Oates, assistindo os telejornais americanos, Nilson Klava voltará maduro… para apresentar o “Jornal Nacional”.

Nilson Klava fala bem, é dos mais informados e está ampliando sua experiência. Sua simpatia é destas à flor da pele. Com experiência internacional, voltará pronto para o “JN”. Jovem, poderá ficar anos na apresentação do telejornal.

Mas e se, num gesto revolucionário, de alguma maneira, a Globo colocar duas mulheres, como Renata Vasconcellos e Aline Aguiar, na apresentação do “Jornal Nacional”? A rede da família Marinho tem mostrado arrojo, inclusive ao contratar vários jornalistas negros, mas permanece conservadora. Por isso, e por longo tempo, certamente veremos a dupla mulher e homem na tela global.