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Polêmico e criativo, ele trabalhou na revista “O Cruzeiro”. Irmão de Millôr Fernandes, era pai dos jornalista Rodolfo Fernandes

Helio Fernandes e Millôr Fernandes: irmãos | Foto: Reprodução

Por ter se tornado filósofo do humor, chargista refinado, criador teatral, tradutor tanto do bardo britânico Shakespeare quanto do dramaturgo russo Tchékhov e um dos criadores do jornal “O Pasquim”, Millôr Fernandes ficou mais conhecido do que o irmão Helio Fernandes, que morreu na quarta-feira, 10, aos 100 anos.

Se Millôr Fernandes era um ás corrosivo do humor, Helio Fernandes era um jornalista mais completo — um artífice de jornais e revistas.

Helio Fernandes: um craque na arte de fazer revistas e jornais | Foto: Reprodução

Já se disse que, se Carlos Lacerda era um polemista poderoso e destrutivo — o demolidor de presidentes (e, quiçá, de si próprio) —, Samuel Wainer entendia mais da arte de fazer jornais. Helio Fernandes também era assim: brilhava nas redações, não necessariamente por ser polêmico (um articulista visceral) — e era —, e sim, sobretudo, por saber criar, editar e produzir jornais. Sabia tudo sobre como fazer um jornal.

Na “Tribuna da Imprensa” brilhou desde sempre (por sinal, às vezes citava a coluna Imprensa, do Jornal Opção). Na revista “Manchete”, quando parecia decadente, renovou-a. Ele também trabalhou na revista “O Cruzeiro”.

José Serra e Helio Fernandes | Foto: Reprodução

Helio Fernandes não fugia de brigas — ao contrário, procurava-as — e não temia adversários da turma do pesos-pesados. O jornalita Zuenir Ventura, um de seus desafetos, chegou a jogar tinta no rival — para caracterizá-lo como um profissional da “imprensa marrom”.

Rodolfo Fernandes, orgulho do pai Helio Fernandes, morreu jovem, aos 49 anos, em decorrência de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Ele brilhava na redação de “O Globo” como editor de O Globo.