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Jesus Cristo morreu aos 33 anos… e aos 33 anos o repórter César Ferraz (Lívio César Carvalho Ferraz), da revista “Veja”, conseguiu um furo de reportagem espetacular.

Em 1985, César Ferraz era chefe da sucursal da “Veja” em Belo Horizonte. Mas a direção nacional da revista possivelmente estava de olho mais em Brasília, onde, supostamente, seria mais fácil obter o discurso de posse de Tancredo Neves, que havia sido eleito presidente da República, no Colégio Eleitoral, mas morreu e José Sarney, o vice — espécie de general sem farda —, assumiu o governo.

Entretanto, quem conseguiu o discurso foi César Ferraz. O grande repórter é aquele que tem boas fontes. Pois o chefe da sucursal, que havia cultivado o governador de Minas, Hélio Garcia — ligado a Tancredo Neves —, obteve a cópia do texto, com exclusividade.

Hélio Garcia disse para César Ferraz: “O discurso tá comigo, menino”. Então, a “Veja” publicamente o discurso em 1º de maio de 1985 com uma chamada na capa: “Exclusivo — O discurso que Tancredo não pôde fazer no dia de sua posse”.

César Ferraz, ressalta a “Veja”, via “o jornalismo como rascunho da história”. Era um repórter do primeiro time.

Formado em Jornalismo pela USP, o mineiro César Ferraz trabalhou na redação da “Veja” em São Paulo e retornou a Minas para chefiar a sucursal.

Na quinta-feira, 28, César Ferraz morreu de complicações decorrentes do Alzheimer. Tinha 73 anos. Estava internado no hospital da Unimed, em Belo Horizonte.