Morre a socióloga chilena Marta Harnecker

17 junho 2019 às 13h01

COMPARTILHAR
Na década de 1980, a psicóloga e socióloga era influente no Brasil com livros sobre materialismo histórico

Na década de 1980, no curso de História da Universidade Católica de Goiás, a Católica, era incontornável: líamos o francês Louis Althusser — a infindável discussão sobre os aparelhos ideológicos de Estado — e Marta Harnecker, o interminável debate sobre o materialismo histórico e dialético. Na área de Educação da UCG, o filósofo e a socióloga eram bíblias do marxismo (tempos depois, Althusser disse que, embora citasse, não havia lido Karl Marx). O tempo passou e Harnecker se tornou uma nota de rodapé — dado o seu dogmatismo — nos estudos universitários. Mas, no período mencionado, era incontornável (e, sim, líamos com imenso prazer, apesar de, vez ou outra, percebermos como simplificava o marxismo e, sobretudo, as correntes que combatia politicamente). No sábado, 15, ela morreu, aos 82 anos. Tinha câncer.
Nascida no Chile, em 1937, Harnecker era psicóloga, jornalista, socióloga e ativista política. Deixa mais de 80 livros. Estudou no Chile e em Paris, onde foi aluna de Paul Ricouer e Althusser. Deu aulas de materialismo histórico e dialético e economia política no curso de Ciências Sociais da Universidade do Chile. A militante política dirigiu o semanário de esquerda “Chile Hoy”.
Quando Salvador Allende caiu no Chile, em 1973, Harnecker mudou-se para Cuba, onde se tornou professora e militante. Ela foi casada com Manuel Piñeiro, uma das figuras centrais da Revolução Cubana de 1959 e do governo de Fidel Castro. Eles tiveram uma filha, Camila Piñeiro. O livro mais conhecido e celebrado da autora é “Os Conceitos Elementares do Materialismo Histórico”, de 1969. Trata-se de um best seller que alcançou 70 edições.
Harnecker, espécie de cubana honorária, trabalhou para o governo de Hugo Chávez, na Venezuela. Ela vivia em Cuba e também no Canadá. Era casada com Michael Lebowitz.