Luta por audiência pode sacrificar o jornalismo analítico

19 julho 2025 às 21h01

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No afã da busca insana pela audiência, jornais de todo o mundo, e não apenas do Brasil, estão sacrificando seu jornalismo — notadamente aquele que interpreta os fatos com mais amplitude — por reportagens factuais sensacionalistas.
Há como escapar disso? Sim. Se o jornalismo entender que é melhor uma audiência menor e credibilidade maior.
O jornalismo mais denso exige tempo, paciência e reflexão. Por mais que a pressa seja necessária, muitas vezes atrapalha — e até trava — o jornalismo cuidadoso, sério e equilibrado.
Jornalismo cuidadoso é aquele que ouve com atenção os dois (ou mais) lados das questões. Paralelamente, se têm interesse pela opinião abalizada, os jornais e revistas precisam incentivar a elaboração de textos mais densos, com informação de qualidade.
Estados Unidos ainda são uma democracia
Há uma confusão entre mera “opinião” e “análise”. Há quem pense que dizer “os Estados Unidos são uma ditadura” é uma análise. Não é. É uma opinião e, sim, não é verdadeira. Mesmo com a Suprema Corte agachada, o presidente Donald Trump não é um ditador. Pode até ter vocação, mas ainda não é.
Uma análise poderá tentar explicar os rumos dos Estados Unidos — se caminham para uma ditadura ou não. Não poderá ser peremptória, porque os fatos estão em andamento.
O fato de os Estados Unidos não ser uma ditadura não significa que não poderá ter um governo discricionário, agora ou mais tarde. Porém, repetindo, o país, no momento, é uma democracia plena.