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Prêmio Esso de Telejornalismo pela série de reportagens “A criança e a tortura”, sobre a ditadura civil-militar, Luiz Carlos Azenha é, acima de tudo, repórter. Cava fundo e traz para os telespectadores as entranhas da realidade.

Repórteres que investigam, que vão fundo nas suas histórias, nem sempre são valorizados por jornais e telejornais — quando devia ser o contrário. Contratado pela Record TV, em 2008, Luiz Carlos Azenha foi demitido em 2022, na era Bolsonaro. Além de reduzir o salário do jornalista, com manobras administrativas, a rede o demitiu. Ele foi perdendo espaço, sobretudo por ser crítico do bolsonarismo. Nos tempos do espanto, entre 2019 e 2022, a Record se tornou a rede oficial do bolsonarismo.

Luiz Carlos Azenha recorreu à Justiça do Trabalho em defesa de seus direitos e cobra da Record uma indenização de 2,6 milhões de reais. Na terça-feira, 5, o jornalista e a empresa vão discutir, numa audiência de conciliação, a possibilidade de um acordo.

Trabalhou na Manchete, no SBT e na Globo

Um dos mais experientes repórteres da tevê brasileira, Luiz Carlos Azenha trabalhou também na TV Manchete (correspondente nos Estados Unidos, ele também cobriu a queda do muro de Berlim, na Alemanha), no SBT (nos Estados Unidos) e na Globo (no país de Abraham Lincoln e Joyce Carol Oates e no Brasil de Clarice Lispector e Yêda Schmaltz).

Quando queria se aproximar da Globo, para tomar o segundo lugar do SBT, a Record contratou profissionais do primeiro time, como Luiz Carlos Azenha. Porém, quando se mistura religião e governismo, o jornalismo se torna chapa-branca. E os jornalistas que duvidam dos homens dos poderes passam a ser mal-vistos.

As redes de televisão antes queriam se aproximar da Globo, e para tanto procuravam melhorar sua programação. Hoje, pelo contrário, parece que ninguém ser a Globo 2, ou seja, fazer televisão de média qualidade. Parece que o novo empreendimento é piorar o que já era/é ruim. Certo, ainda há gente boa na Record e no SBT, mas são exceções. As cúpulas concluíram que é preciso dar “lixo” aos telespectadores, inclusive na área de jornalismo. Por isso, Luiz Carlos Azenha, um jornalista notável, não se encaixa mais em certas redes, como a Record.