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Jornalistas como William Bonner e Fátima Bernardes se tornaram capitalistas

O economista francês Thomas Piketty, autor do livro “O Capital no Século XXI” (Intrínseca, 768, tradução de Monica Baumgarten de Bolle), diz que alguns indivíduos que são vistos como trabalhadores deveriam ser percebidos como capitalistas. É o caso dos executivos de algumas empresas e mesmo jornalistas. O apresentador e editor-chefe do “Jornal Nacional”, William Bonner, recebe 1,5 milhão de salário (18 milhões por ano) — valor que extrapola a ideia de salário e pode ser considerado praticamente participação nos lucros —, um rendimento mensal que muitas empresas de médio porte não obtêm.

Na semana passada, a “Folha de S. Paulo” revelou que, além de um salário de 1,5 milhão de reais, a jornalista Fátima Bernardes, apresentadora de um programa matutino na Globo, está se tornando uma das garotas-propaganda mais bem pagas do País. Seu cachê saltou de 5 milhões para 10 milhões. Ela faturou 5 milhões da Seara, segundo o jornal.

É provável que Piketty tenha razão: alguns executivos e jornalistas se tornaram neocapitalistas. Dizer isto nada tem de pejorativo. É uma constatação de como o capitalismo se tornou mais “absorvente” — transformando setores das classes médias em, para usar uma linguagem antiquada, burgueses.