Jornalismo à base de violência e escândalos tem seu preço
16 julho 2016 às 11h44
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É desanimador como o jornalismo feito pelas TVs está, direta ou indiretamente, cada vez mais carregado de tom policialesco. Não é pequena a fatia do tempo gasto com bombas, tiroteios e prisões em telejornais. Se for incluída, ainda, a parte do noticiário político que abrange a Operação Lava Jato e outros fatos do tipo, ver o “Jornal Nacional”, por exemplo, se tornou quase como assistir a uma minissérie como “Swat”, para os mais antigos, ou “CSI”, para os que não são tão velhos.
É importante cobrir os fatos policiais que têm de ser noticiados. Mas a dosagem dessa cobertura, sua colocação na escalada e a escolha do bloco em que será inserida, tudo isso diz muito sobre o efeito que se quer realmente produzir por meio daquela informação. Se não tudo, pelo menos muita coisa gira em torno da audiência, dos pontos no Ibope. Violência e escândalos, juntos ou separados, são sempre catalisadores desse objetivo. Que, por sua vez, atrai anunciantes.
Resta saber se vale a pena submeter a saúde mental dos que assistem a uma exposição redundante. Não é à toa que uma parcela da população tem revisto seus hábitos em relação à TV, especialmente os canais abertos. Esse tipo de voyeurismo cobra seu preço e muita gente, especialmente de olho nos filhos, não quer pagar para ver. Por isso mesmo, o que é audiência atraída pela exposição de imagens e temáticas escandalosas hoje pode desaparecer no futuro, por não conseguir “reagir” mais. A não ser instigado por cenas ainda mais escandalosas.