COMPARTILHAR

Os grandes jornais brasileiros estão demitindo dezenas de repórteres, repórteres- fotográficos e especialistas em design. Porém, ao contrário do que divulgam alguns editores e repórteres de blogs, “Estadão” e “Folha” (ainda) não estão se preparando para abandonar o formato impresso. O que se vai fazer, para reduzir custos, é diminuir o número de páginas e de funcionários — mantendo um produto mais enxuto (e cada vez mais analítico). O custo de se publicar na internet é mais baixo. O custo do produto impresso é muito alto e envolve estruturas e logísticas muito maiores e complexas.

A experiência do “Jornal do Brasil”, que migrou 100% para a internet e perdeu fôlego — não tem mais importância para o mercado, embora sua crise fosse anterior, quando passou para as mãos de quem não era do ramo jornalístico —, assim como o fracasso da “Newsweek” (nos Estados Unidos), assombra todos os dirigentes de jornais e revistas. Como o mercado é altamente competitivo, vai ser difícil aparecer aquele que vai atirar a primeira pedra. A maioria absoluta das verbas publicitárias ainda é direcionada para os veículos impressos.

Há outra questão: os que defendem o primado das publicações virtuais deixam de perceber um fato óbvio, mas nem tanto, diria Darcy Ribeiro: parte dos blogs e redes sociais (a “Folha de S. Paulo” já publicou uma reportagem a respeito) busca suas informações mais relevantes nos veículos impressos. Raramente produzem informação de qualidade, confiável, apurada com cuidado.

Outro problema dos blogs é que, ao contrário dos grandes grupos, empregam, quando empregam, poucos trabalhadores. Talvez seja possível reinventar as cooperativas jornalísticas, seguindo o modelo francês.

Um fato é inescapável: o grupo de comunicação que ainda não percebeu a força da internet, e como potencializa sua inserção no mundo globalizado, tende a sucumbir. Não dá para resistir e contornar a internet. O fundamental é usá-la bem para divulgar aquilo em que se acredita.

[A pintura acima é de José Ferraz de Almeida Júnior]