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O nazismo começou a matar judeus já em 1933. Quatro jovens foram assassinados, nesse ano, o que sugere que a política de extermínio começou bem mais cedo

As vítimas de Adolf Hitler, líder da Alemanha, são várias: judeus, ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, comunistas, democratas, pessoas com deficiência. Mas o historiador Timothy W. Ryback, que deu aulas em Harvard, decidiu buscar os primórdios da violência dos nazistas no livro “As Primeiras Vítimas de Hitler — A Busca Pela Justiça” (Companhia das Letras, 336 páginas, tradução de Paulo Geiger).

Contra as forças do nazismo, o promotor de justiça alemão Josef Hartinger decidiu investigar a morte de quatro judeus no campo de concentração de Dachau, na Alemanha, em 1933, logo depois da ascensão de Hitler. Os jovens foram assassinados por guardas, segundo a versão do governo, supostamente ao tentarem fugir do campo.

O que Timothy Ryback evidencia é que a violência estatal começou cedo e que determinadas pessoas, mesmo não sendo, eram consideradas “criminosas” pelo Estado alemão. A política de extermínio oficialmente pode ter começado mais tarde, mas, desde o início, avaliava-se que judeus e opositores do regime totalitário podiam ser e eram assassinados.

Na busca por justiça, arriscando a vida e a profissão, o promotor Josef Hartinger deixou patente que alguns, talvez vários, alemães tentaram reagir ao poderio nazista. Como era uma luta inglória, porque os homens da lei e do poder eram criminosos, a reação foi se reduzindo paulatinamente (o medo é um instrumento de coerção poderoso).