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Na primeira metade da década de 1990, a sede do Jornal Opção ficava no Center Shopping Tamandaré, na República do Líbano, no Setor Oeste, em Goiânia. O então semanário (hoje, é diário) ocupava três salas, duas no quarto andar e uma no segundo andar, onde funcionava a diagramação.

Estávamos eu, Herbert de Moraes Ribeiro (por sinal, o mais corajoso da turma), Léo Alves (estava com um medão danado, embora fosse o mais forte do grupo) e o diagramador João Spada (dos quatro, só há um vivo — eu, aos 64 anos) na sala do segundo andar, finalizando a edição que, impressa, circularia no domingo.

De repente, escutamos um barulho e um grito. Saímos, os quatro, e olhamos. Nada vimos. Imperava o silêncio.

Preocupados, entramos no elevador e descemos. O porteiro-vigilante estava amarrado e muito assustado. Nós também ficamos assustados. Soltamos o rapaz e voltamos para nossa sala. Fechamos a porta e chamamos a polícia.

O porteiro não sabia explicar como os ladrões — sim, eram dois — entraram no edifício. Estava tão assustado — trêmulo — que mal falava.

Os larápios sabiam que estávamos no prédio, pois o porteiro, sob pressão, os informara. Mas nenhum apareceu no segundo andar. Ficaram, os dois, no primeiro andar, onde estavam localizadas lojas, agência de turismo e consultórios de dentistas. Arrombaram portas e entraram.

Mas a polícia chegou rapidamente, com sirenes ligadas e os ladravazes escaparam — não se sabe como.

Os policiais entraram no edifício, vasculharam todos os andares, mas não encontraram nada. Os criminosos nunca foram presos.

Voltamos para a redação, concluímos o fechamento da edição e fomos embora. No dia seguinte, fomos informados que, com medo, o porteiro havia pedido demissão.