Globo pode ter errado ao colocar Maju Coutinho no Fantástico

Para se consagrar como jornalista, chegando ao posto máximo do “Jornal Nacional”, como apresentadora, Maria Júlia deveria ter ficado um pouco mais no “Hoje”

Maria Júlia Coutinho conquistou o país ao apresentar as notícias do tempo. Competente, bonita e empática, Maju chamou, de cara, a atenção dos telespectadores, que perceberam que o “cargo” de “moça do tempo” era pequeno para a jornalista. Nascia uma estrela, para além do jornalismo.

Ante o talento de Maju, combinado com a atenção do público, a TV Globo colocou-a para apresentar o “Jornal Hoje”. No início, titubeou. Aos poucos, assenhorou-se da “forma” do telejornal e se tornou uma apresentadora gabaritada. Não só. Aqui e ali, comentava as notícias, com graça e desenvoltura.

Do “Hoje” certamente Maju, de 43 anos, iria para o “Jornal Nacional” — o topo da carreira de um apresentador na Globo. Com quase 58 anos, William Bonner certamente não está prestes a se aposentar. Trata-se do profissional que apresenta as notícias com mais qualidade na rede. Mas um “JN” com duas mulheres, Renata Vasconcellos e Maju, seria, digamos, uma micro revolução na empresa da família Marinho.

Entretanto, dado ao sucesso de Maju, que se tornou uma estrela nacional, a Globo decidiu transferi-la para o “Fantástico”, em substituição a Tadeu Schmidt, de 47 anos, que irá apresentar o “Big Brother Brasil” (BBB). César Tralli, de 50 anos, um apresentador que sabe ser repórter — o que é raro —, substitui Maju no “Hoje”.

A ida de Maju para o “Fantástico” pode ser positiva para a Globo, mas não se sabe se será para a jornalista, em termos profissionais (salarialmente, deve ter recebido uma proposta irrecusável).

O “Fantástico” é um programa de entretenimento, que inclui reportagens jornalísticas, várias de qualidade, a despeito do tom sensacionalista. O objetivo parece ser apresentar tudo, ou quase tudo, como espetáculo — numa busca frenética por audiência anabolizada.

Maju, que vinha se destacando como jornalista — inclusive como analista num programa de debate na GloboNews —, certamente não deixará de ser jornalista. Há a possibilidade, inclusive, de fazer reportagens para o “Fantástico”. Mas o “show da vida” exige uma performance que vai além do jornalismo.

Para se consagrar como jornalista, chegando ao posto máximo do “Jornal Nacional”, como apresentadora, Maju deveria ter ficado um pouco mais no “Hoje” e participado mais do programa com Julia Duailibi e Natuza Nery na “GloboNews”.

Ressalve-se que, ainda jovem, Maju tem tempo para brilhar no jornalismo — no e fora do “Fantástico”. Pós-programa dominical, pode-se tornar uma profissional ainda mais experiente.