Fred Rodrigues e Sandro Mabel: barbárie versus civilização — eleitor deve fazer escolha sensata e realista

26 outubro 2024 às 12h38

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A democracia é assim: todas as ideias, desde que democráticas, importam. Há espaço para todos. Por incrível que pareça, até para os golpistas — aqueles que querem eliminá-la.
Mas chega um momento em que é preciso fazer uma opção drástica entre civilização e barbárie, entre pró-democratas e pró-ditadores.
O bolsonarismo representa a barbárie, o retorno ao primitivo violento — daí o associarem ao fascismo (que, por incrível que possa parecer, era muito mais sofisticado do que o bolsonarismo) —, mas, com discurso mágico-ilusionista, falando em liberdade de expressão.
O bolsonarismo não defende a liberdade de expressão para todos. Pelo contrário, só a defende quando quer impor seu discurso, destruindo o do adversário, que é tratado como “inimigo”. Na democracia, os políticos não devem ter inimigos, e sim adversários. Para o bolsonarismo, aquele que discorda de suas ideias, combatendo-as de maneira democrática, deve ser destruído. Por isso, os ataques violentos com palavras que, mais do que criticar, visam desqualificar e, portanto, destruir.
O bolsonarismo tem o pé no presente, mas é uma volta ao passado. Tanto que há um “caso de amor” entre Jair Bolsonaro e Emilio Garrastazu Médici, o presidente-ditador mais cruento de toda a ditadura civil-militar.
O torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra é o guru de Bolsonaro. Uma pessoa civilizada — um democrata — não deve ter como ídolo um torturador contumaz. Pois o ex-presidente avalia o deslustrado coronel como um homem notável. Bolsonaro é o político mais trevoso da direita brasileira, mas poucos querem isto, quer dizer, a verdade.

O golpismo de 8 de janeiro, que ofusca outros golpismos da súcia, não é efeito de combustão espontânea. O bolsonarismo está por trás, direta e indiretamente, das hordas selvagens que saíram às ruas para invadir o Palácio do Planalto, o Congresso e a sede do Supremo Tribunal Federal. As hordas se tornaram selvagens porque estava sendo dirigida.
Ressalte-se: as três instituições que garantem a fortaleza da democracia — o Judiciário, o Legislativo e o Executivo — foram atacados de maneira extremamente violenta. Ao tentar cortar os pilares da democracia, os bolsonaristas queriam vê-la no chão, desmantelada. Só escombros.
Então, o golpismo de 8 de janeiro não foi meramente uma operação de bolsonaristas isolados e fanáticos. Aos poucos, a cadeia de comando — que orquestrou o movimento golpista — será revelada. O DNA é 100% bolsonarista.
O bolsonarismo usa e abusa da democracia, mas não é democrático.
Recado do Jair: o mentiroso, se bolsonarista, é boa gente
Por isso, ao votar no domingo, 27, para prefeito de Goiânia, o eleitor deverá refletir: não estará sufragando tão-somente Sandro Mabel, do União Brasil, e Fred Rodrigues, do PL.
Na verdade, ao votar, os eleitores estarão escolhendo entre a civilização, representada por Sandro Mabel, e a barbárie, representada por Fred Rodrigues.
Votar em Fred Rodrigues é um ato a favor da antidemocracia e do golpismo. Do caráter mais trevoso da política — o bolsonarismo mesmerizou (ou hipnotizou) parte do eleitorado, gerando, não uma consciência, e sim uma inconsciência retardatária.
Observe-se que, quando um bolsonarista é pego com penas na boca, como aconteceu recentemente com um deputado federal, ele não se defende apresentando argumentos sólidos, lógicos e legalistas. Pelo contrário, ataca o STF, um pilar da democracia. O que mostra, mais uma vez, o caráter antidemocrático do bolsonarismo.
O bolsonarismo sugere que, se a pessoa for bolsonarista, pode roubar o Erário. Para a extrema-direita, tudo; aos democratas, a lei. O discurso moral de Jair Bolsonaro está caindo por terra. Porque o ex-presidente se sente compelido a defender larápios que o apoiam. Ladravaz bolsonarista “é bom”. É a mensagem do ex-presidente.
(Fred Rodrigues disse que era formado em Direito e, ante declaração oficial da PUC-Goiás, acabou tendo de admitir que havia mentido. Bolsonaro, ao “aprovar” Fred, “aprova”, de certa maneira, sua mentira. A PUC “bombou” o ex-deputado cassado. Por que Bolsonaro lhe deu nota 10?)
Frise-se que o problema mais grave do bolsonarismo não é que esteja se tornando uma máquina de furtar o Erário. Mais grave é que, não sendo democrata, o bolsonarismo aposta no golpismo. Por que o ex-presidente planeja eleger três pessoas de sua família para o Senado — Michelle Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (já é senador) e Eduardo Bolsonaro? Para operar para retirar o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal e tentar adotar medidas autoritárias.
Então, entre as trevas do bolsonarista Fred Rodrigues e as luzes do democrata Sandro Mabel, os eleitores precisam fazer a escolha suprema: ficará com a barbárie ou com a civilização? Para não passar quatro anos arrependidos — entre 2025 e 2028 —, precisam escolher o gestor e o democrata. Fred Rodrigues é o Rogério Cruz da extrema-direita. É isto.