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A repórter Maria Fernanda Rodrigues, na coluna “Babel”, de “O Estado de S. Paulo”, anuncia uma das melhores notícias literárias do ano: o lançamento do romance “Vida e Destino” (Alfaguara, 920 páginas), com tradução direta do russo por Irineu Franco Perpétuo. O livro é apresentado pelo “Estadão”, erroneamente, com o título de “Destino e Vida”.

O “Times Literary Sup­plement” assinala: “Uma das grandes obras-primas do século 20”. Martin Amis corrobora, e sem exagerar (muito): “Vassili Grossman é o Tolstói da URSS”. Boris Pasternak era acima de tudo poeta, mas escreveu uma espécie de romance-vingador contra o stalinismo, reverberando a literatura política da Rússia do século 19. É provável que com “Doutor Jivago”, belo mas não muito sólido livro, Pasternak tenha tentado mostrar sua identificação com autores que nada tinham a ver com o realismo socialista dos tempos de Stálin. “Sou quase czarista”, poderia ter dito o poeta.

Como “Doutor Jivago” ganhou o Nobel de Literatura e foi levado ao cinema, numa magnífica adaptação de David Lean — quiçá mais romântica do que o livro, que é profundamente realista —, o poeta Pasternak foi ligeiramente deixado de lado, em certo momento da história. Hoje, na e fora da Rússia, é o poeta que brilha mais.

O grande romance do século soviético é mesmo “Vida e Des­tino”, que a turma de Stálin boicotou e impediu a publicação. Vassili Grossman era um escritor inspirado e um jornalista talentoso, que cobriu, de maneira brilhante e perspicaz, a Segunda Guerra Mundial, no front soviético. Era permanentemente vigiado pelos stalinistas. Porque era livre e não escondia o que via.

A seguir, um release da Editora Alfaguara: “‘Vida e Destino’ é um épico moderno e uma análise profunda das forças que mergulharam o mundo na Segunda Guerra Mundial. Vassili Grossman, que esteve no campo de batalha e acompanhou os soldados russos em Stalingrado, compôs uma obra com a dimensão de Tolstói e de Dostoiévski, tocando, ao mesmo tempo, num dos momentos cruciais do século 20.

“Este é um dos poucos romances que parecem abarcar toda a vida. Os campos de prisioneiros militares e os campos de concentração; os altos-comandos, com Hitler de um lado e Stálin de outro; a disputa insensata dos soldados por uma única casa na cidade em ruínas; e os dramas familiares dos que ficam para trás e enfrentam o terror político e a incerteza. Não existe um romance sobre a Segunda Guerra com a mesma força dramática, com o mesmo impacto.

“Finalizado em 1960, e a seguir confiscado pela KGB, o livro permaneceu inédito até a metade dos anos 1980. Uma vez redescoberto, foi alçado a um dos romances mais importantes do século 20. A edição da Alfaguara de ‘Vida e Destino’ foi traduzida do russo por Irineu Franco Perpetuo, a partir da edição mais completa do romance, publicada na Rússia em 1989.”

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