A impressão que se tem é que os Bolsonaros não são dados à leitura, portanto à busca de conhecimento. Num tempo em que a cultura inculta está na moda — saber inglês, ao menos de maneira passável, se tornou ponto forte no currículo (ainda que não se saiba escrever uma frase corretamente na língua de Joyce Carol Oates) — e estamos todos “distraídos” pelo nada (Instagram, Facebook, TikTok etc.), aquilo em que se acredita, sob o viés ideológico, passa a ser verdade.

Só um néscio, bem tapado, poderia acreditar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia se tornado “aliado” de Eduardo Bolsonaro e sua família.

Impérios não têm lealdades, e sim interesses. O que os Bolsonaros têm a oferecer a Trump e aos Estados Unidos? Nada, exceto lamúrias e discursos espalhafatosos, agora incômodos.

Como a “aliança” — sempre provisória — com os Bolsonaros era relevante, Trump cevou a família. Deu-lhe espaço no “puxadinho” da Casa Branca, por assim dizer.

Daniel Ortega, Nicolás Maduro e Miguel Díaz-Canel: o ocaso dos ditadores? | Foto: Reprodução

Quando começou a negociar com Lula da Silva, que representa o maior “império” da América Latina — acima do México —, Trump “esqueceu-se” dos Bolsonaros.

Quando Jair Bolsonaro foi preso e colocado numa cela da Polícia Federal, Eduardo Bolsonaro certamente esperava uma declaração bombástica de Trump. Porém, comedido — o que nem sempre é —, o presidente americano do norte disse, tão-somente: “Que pena”. O lamento equivale quase a “meus pêsames”.

O tarifaço gestado por Trump foi comemorado pelos Bolsonaros — o que os levou a perder força política no Brasil. Em seguida, o presidente da terra de Toni Morrison foi reduzindo as tarifas — o que os brasileiros aplaudiram, mas não Eduardo Bolsonaro e seu séquito.

Agora, o governo de Trump decidiu retirar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e sua mulher, Viviane Barci Moraes, da lista dos sancionados pela Lei Magnitsky. Mais uma derrota de Eduardo Bolsonaro e seus parças que acreditaram na fidelidade eterna do presidente dos Steites.

Trump e Lula da Silva são duas raposas políticos. Altamente pragmáticos, vão negociar o que é melhor para seus países. Questões pessoais e ideológicas ficarão à margem das grandes tratativas econômicas e geopolíticas.

Um site diz que o próximo passo pode ser a extradição de Eduardo Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Allan dos Santos e Paulo Figueiredo. Não acredito que Trump chegue a tanto. Mas tudo é possível.

Se Lula da Silva “ajudar” Trump a arrancar Nicolás Maduro da Presidência da Venezuela, notadamente de maneira pacífica, não duvido de que a deportação dos quatro extremistas se torne viável.

Dependente de seus interesses, as lealdades dos impérios são sempre provisórias. Por isso, Eduardo Bolsonaro e seus parças que se cuidem. Afinal, a Hungria fica logo ali… quer dizer, não muito perto, mas as distâncias, quando se usa avião, são cada vez mais curtas.