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O moralismo está impregnando as redes sociais e pelo motivo mais prosaico deste mundo: rende audiência, cliques.

O jornalista Jamerson Oliveira, diretor do programa “Alô Juca” e coordenador geral de conteúdo da TV Aratu — afiliada do SBT da família de Silvio Santos —, foi preso pela Polícia Civil de Salvador no sábado, 6.

A rigor, a polícia nem fez escândalo. Por isso, os policiais revelaram que a prisão de Jamerson Oliveira, um profissional influente, se deu porque “avançou sinais vermelhos e colocou em risco a segurança de terceiros”, revela o boletim de ocorrência.

De acordo com a polícia, Jamerson vai responder, judicialmente, por “suspeita de embriaguez ao volante”.

O jornalista foi preso e, depois de pagar fiança, foi liberado.

Até aí, quando o assunto esteve apenas nas mãos da polícia, não há escândalo nem moralismo.

Entretanto, quando o caso ganhou espaço na imprensa de Salvador e do país, as coisas mudaram de configuração. Deu-se o escândalo, e de maneira desrespeitosa tanto com Jamerson Oliveira quanto com a repórter Lara Linhares.

De acordo com as “reportagens”, uma delas do portal iG, assinada por Gabriel de Oliveira, Jamerson Oliveira e Lara Linhares estavam num motel. Poucos sites se atentaram ao fato de que Lara Linhares negou que tenha ido ao motel com o diretor do SBT.

O jornalista José Eduardo Alves-Bocão disse que “Jamerson Oliveira e Lara Linhares estavam saindo de um motel quando tentaram fugir da polícia. ‘A Rondesp trabalhou bem. Jornalista pego saindo do motel com jornalista casada! Teve de tudo nessa madrugada, hein. Droga, sexo e mais”.

Não se sabe se o Bocão fala em droga a respeito do casal. Porque a polícia, por certo, não entrou no motel para verificar o suposto consumo de droga e tampouco houve anotação do boletim de ocorrência a respeito do assunto. Pelo contrário, fala-se em “suspeita de embriaguez ao volante” e é por isto que Jamerson Oliveira irá responder judicialmente.

Por que a mídia decidiu divulgar o nome de Lara Linhares? Só por que ela é casada? É provável. Porque reforça o moralismo típico da imprensa sensacionalista. Observe-se que o estado civil de seu colega de profissão não é revelado. O objetivo é, por assim dizer, “punir” a mulher.

A vida sexual das pessoas não é assunto público. É assunto privado. Como tal, não merece divulgação. Por sinal, moralistas às vezes, na prática, fazem coisas piores do que sexo extraconjugal.