Crise na CNN provoca mais duas demissões: de Renata Agostini e Thaís Arbex

02 fevereiro 2024 às 16h10

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A coisa está “ruça” ou “russa” na CNN Brasil? Parece que “técnico” não consegue montar um time de longo prazo, o que tem afetado a qualidade de seu jornalismo. As demissões são frequentes. Mas também alguns profissionais estão pedindo para sair, por discordar da editoria de Jornalismo da emissora — que estaria hora “politizando”, hora “despolitizando” o noticiário.
As jornalistas Jussara Soares, Renata Agostini e Thaís Arbex apresentaram à cúpula jornalística da CNN Brasil o projeto de documentário “Ataque aos Poderes — Um Breaking News que abalou a política brasileira”. O objetivo era mostrar o que aconteceu no dia 8 de janeiro, com a invasão do Palácio do Planalto e da sede do Supremo Tribunal Federal e seus desdobramentos.
Projeto apresentado e aprovado, as três profissionais trabalharam intensamente e concluíram o documentário. Porém, de acordo com a versão delas, a direção da CNN editou o material sem consultá-las. Foram proibidas de ver o resultado final. Só viram quando foi levado ao ar.
As repórteres haviam proposto uma entrevista de Jair Bolsonaro (PL), mas foram surpreendidas ao serem informadas que o ex-presidente seria ouvido pelo âncora Leandro Magalhães, do “CNN Arena”. As três foram vetadas.
A entrevista de Bolsonaro teria sido meio água com açúcar, evitando discutir, por exemplo, o indiciamento do ex-presidente, que é apontado como como um dos responsáveis — diretos ou indiretos — pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Ante os acontecimentos, que edulcoraram o documentário, as jornalistas pediram para a CNN Brasil retirar seus nomes, o que foi feito.
Thaís Arbex pediu demissão na quarta-feira, 30, e vai assessorar o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Renata Agostini havia pedido demissão há mais tempo, mas só deixou a CNN Brasil, em definitivo, nesta semana. “A decisão de sair foi minha”, afirma a repórter.

Dubiedade editorial da CNN Brasil
O que se comenta nos bastidores da CNN Brasil é o seguinte: a direção atual até entende de finanças, de enxugar a folha de pagamento, mas praticamente não entende de jornalismo. Por isso não há uma linha de conduta transparente.
Num momento, a equipe acredita que a cúpula está se alinhando com o governo do presidente Lula da Silva, do PT.
Noutro momento, fica-se com a impressão de que a rede planeja fazer jornalismo independente.
Na dúvida, a equipe não entende realmente o que se quer. Falta clareza nas posições. Por isso, de acordo com uma fonte interna, brevemente novas jornalistas deverão deixar a emissora, alegando dubiedade editorial.
A qualidade jornalística da CNN Brasil é inegável, assim como sua seriedade. Mas a equipe parece relativamente desnorteada devido à suposta linha editorial.