Com Olimpíadas, Globo “renova” Galvão Bueno, “reposiciona” Luís Roberto e “revela” Everaldo Marques

08 agosto 2021 às 00h01

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A emissora não está bem servida apenas de narradores em sua equipe de esportes, mas nos Jogos de Tóquio a interação entre eles e o público foi um grande destaque
Ao contrário do que se pensa e se espalha, a Rede Globo está muito longe de falir e isso não vai acontecer simplesmente porque certo grupo resolveu boicotar o grupo de comunicação e chamá-lo de “Globolixo”. É preciso dizer que nem novidade isso é: décadas atrás, a esquerda mais radicalizada já dizia a mesma coisa com os mesmos termos.
A prova de que o trabalho de que as componentes da empresa, especialmente a TV Globo, é de alta competência e de extrema eficiência – o chamado “padrão Globo” – está na permanência de figuras emblemáticas da comunicação durante tanto tempo à frente da telinha. O apresentador Fausto Silva deixou o grupo depois de 30 anos comandando as tardes de encerramento do fim de semana com o Domingão do Faustão. Xuxa Meneghel também ficou por mais de duas décadas. O mesmo vale para Cid Moreira, Léo Batista, Renato Aragão, Chico Anysio e tantos outros. A emissora gosta de manter vínculos com profissionais que considera “símbolos” de sua trajetória.
Mas a pandemia e a reclusão fizeram mudar muita coisa na emissora. Uma delas dizia respeito ao principal nome do departamento de jornalismo esportivo: qual seria o futuro de Galvão Bueno? Hoje com 70 anos e na Globo há 40 anos, a maior parte de sua vida (com uma breve interrupção entre 1992 e 1993, para um projeto na antiga OM TV), o narrador é daqueles casos de “ame-o ou odeie-o” da televisão brasileira. Depois de passar mais de um ano sem narrar, ele voltou para o front com a missão de acompanhar o futebol na Olimpíada.

A novidade foi Galvão Bueno desta vez muito mais próximo do público. As transmissões se deram de um estúdio no Rio preparado especialmente para os Jogos Olímpicos e para que o trablaho do veterano narrador pudesse ser mostrado em modo “making of”. Deu muito certo e Galvão virou meme nas redes sociais. Com a voz já precisando de cuidados especiais, ele deu show na conquista das medalhas de Rebeca Andrade na ginástica e do futebol masculino, no penúltimo dia de competições.
Também Luís Roberto foi bem. Considerado um dos “vice-narradores” da Globo, ao lado de Cléber Machado, foi dele a missão de contrabalançar, entre outros momentos, a surpreendente vitória de Hebert Conceição no boxe, com um nocaute inesperado de seu adversário, com o enfadonho desempenho da seleção masculina de vôlei na disputa do bronze com a Argentina. Narrou simultaneamente os dois eventos, algo para poucos, embora possa parecer algo “tranquilo” – e nisso também está o mérito do profissional.
Por fim, aquele que talvez seja o grande nome da própria Globo nas próximas décadas: Everaldo Marques, contratado da ESPN no ano passado, é multiuso: transita do futebol ao judô com a mesma desenvoltura e é especialista em esportes das ligas dos Estados Unidos, como a NFL (futebol americano), NHL (hóquei no gelo) e MLB (beisebol). Foi da TV por assinatura que trouxe o bordão “você é ridículo!” usando o adjetivo em sentido oposto, para elogiar o autor de uma façanha esportiva (um golaço, um novo recorde, uma manobra extraordinária). Não é apenas de narradores que o esporte da Globo está bem servido, é preciso dizer. Mas a interação deles com o público, vista pelos comentários em redes sociais, é de se destacar.