Cléo Pires sem um braço e Paulo Vilhena sem uma perna chamam a atenção para as Paraolimpíadas

25 agosto 2016 às 12h33

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A agência Africa e a revista Vogue criaram uma publicidade que, perspicaz, induziu ao debate e desperta o interesse para os Jogos Paraolímpicos

O objetivo da publicidade é vender um produto, convencer os indivíduos de que uma ideia é melhor do que a outra ou chamar a atenção das pessoas para um problema sério mas, por vezes, ignorado. Uma campanha da agência Africa e da revista “Vogue”, “Somos Todos Olímpicos”, numa referência aos Jogos Paraolímpicos — uma iniciativa extraordinária, absolutamente inclusiva —, expões os atores Cléo Pires como se fossem atletas paraolímpicos (faltando membros dos corpos: Cléo Pires não tem um abraço e Paulo Vilhena aparece com uma prótese substituindo uma perna). As críticas se tornaram terremotos verbais nas redes sociais: afinal, por que os atores e não atletas na publicidade?
A exposição de atletas verdadeiros não seria ruim, é claro, mas não teria o mesmo impacto e, portanto, não chamaria tanto a atenção das pessoas para os Jogos Paraolímpicos e, quem sabe, para os problemas dos atletas e das demais pessoas que têm alguma deficiência.
O objetivo da publicidade é despertar a atenção pelo choque, pela ideia de que “podia ser eu”? Talvez não. É provável que o objetivo é chamar atenção para os problemas das pessoas e, sobretudo, para os Jogos Paraolímpicos (quer, no fundo, quer dizer: eles podem). Ante a polêmica — estéril, no geral —, a revista e a agência acertaram.