Carta Capital apresenta como exclusivo o que já havia sido publicado em livro de Romeu Tuma Jr.

30 abril 2016 às 12h40

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Não se trata de plágio, e sim de falta de respeito com quem expôs os fatos em primeira mão

“CartaCapital”, editada por Mino Carta, um dos mais importantes jornalistas brasileiros, é ciosa de seu conteúdo. É uma publicação que defende o PT, sem subterfúgios — o que é positivo —, e critica com o máximo de acidez o tucanato. Não há nada demais nisto. A revista não esconde de quem é aliada e editorializa parte de suas reportagens — o que não significa necessariamente distorcer fatos (os fatos, por sinal, são “forçados” por todos a “dizerem” alguma coisa a mais — ou menos, sabe-se lá). Na sua perspectiva, a revista é séria — goste-se ou não de seu conteúdo. Fatura o governo federal assim como outros jornais e revistas.
Na edição nº 898, de 27 de abril deste ano, a “CartaCapital” assinala, em sua capa: “Exclusivo: Meire Poza, a contadora de Youssef, e os documentos que revelam os bastidores ilegais da Operação Lava Jato”. A reportagem “Os segredos de Meire”, assinada por Henrique Beirandê, ocupa seis páginas da edição. Trata-se de uma grande reportagem. Mas há um problema.
A “CartaCapital” apresenta a história como exclusiva e por isso, provavelmente, não revela que está devidamente contada, até mais bem contada, no livro “Assassinato de Reputações II — Muito Além da Lava Jato” (Matriz, 261 páginas), do delegado de polícia e ex-deputado Romeu Tuma Jr. e do jornalista Claudio Tognolli. Não se trata de plágio. Mas é uma evidente falta de cortesia e respeito da revista de Mino Carta não admitir que alguém — no caso um livro! — chegou antes aos fatos.
Espera-se que, na próxima edição, Mino Carta apresente um reparo, ainda que mínimo, e reconheça que Romeu Tuma Jr. e Claudio Tognolli apresentaram a história das relações ditas pouco ortodoxas (até a interpretação da revista é similar à do livro) entre Meire Poza e policiais federais muito antes da “CartaCapital”.