Livro vai resgatar a história do político que apoiou a ditadura de 1964, rompeu com os miliares e optou pela redemocratização do país

Teotônio Vilela, o peregrino da democracia e menestrel das Alagoas, era um democrata nacionalista
Teotônio Vilela, o peregrino da democracia e menestrel das Alagoas, era um democrata nacionalista

O jornalista Carlos Marchi iniciou uma pesquisa para escrever uma biografia do político alagoano Teotônio Vilela (1917-1983). “O livro será lançado em maio de 2017, quando se completará o centenário de nascimento de Teotônio. Sairá pela Editora Record, a mesma pela qual lancei meus livros anteriores, ‘Fera de Macabu’ e ‘Todo Aquele Imenso Mar de Liberdade’, sobre o colunista de política Carlos Cas­tello Branco, o Castelinho. Por en­quanto, o livro tem o título provisório de ‘Menestrel’”, disse Marchi ao Portal dos Jornalistas. “Desde já gostaria de fazer um apelo a todas as pessoas que foram próximas a ele e se lembram de boas histórias envolvendo o Menestrel”, solicita. Seu contato é [email protected].

A trajetória de Teotônio Vilela, de perfil nacionalista — defensor da criação da Petrobrás e crítico das multinacionais —, é das mais curiosas. Usineiro no município de Junqueiro, em Alagoas, era um potentado. Em 1952, fundou a União Democrática Nacional (UDN) no Estado. Foi eleito deputado estadual, em 1954, e vice-governador, em 1960.

Em 1961, com a renúncia de Jâ­nio Quadros, o qual havia apoiado pa­ra presidente, Teotônio Vilela endossa a posse do vice-presidente, João Goulart. Mas em 1964, junto com a UDN, banca o golpe de Estado civil-militar. Em 1965, com a criação do bipartidarismo, filia-se à Arena, sucedânea da UDN e partido do governo.

Eleito senador em 1966, faz as primeiras críticas ao regime. Em 1974, aproxima-se do presidente Ernesto Geisel, apoiando a distensão política. Nesse ano, eleito senador, começa uma campanha pela redemocratização do país, desagradando a linha dura. A revista “IstoÉ” passou a cha­má-lo de “peregrino da democracia”, o que se tornou quase um segundo nome. Em 1979, cada vez mais radicalizado em relação à ditadura, migra para o MDB e, em 1980, filia-se ao PMDB. O “Menestrel das Alagoas” se torna um paladino da redemocratização, praticamente um símbolo. Ele morreu, em 1983, de câncer — antes da campanha das Diretas Já e da vitória de Tancredo Neves-José Sarney no Colégio Eleitoral.

Ao contrário de José Sarney e outros arenistas-pedessistas, Teotônio Vilela rompeu com os militares quando a ditadura ainda era forte.