COMPARTILHAR

As chamadas da primeira página servem para vender o conteúdo interno – seja uma reportagem, uma entrevista ou um artigo. Deve tentar, ao mesmo tempo, retratar de forma fidedigna o tema tratado e atrair o leitor para abrir a publicação – ou acessar o hiperlink, já que as manchetes dos portais dos jornais eletrônicos desempenham a mesma função.

Nesse sentido, “O Popular” pisou na bola na edição da quarta-feira, 26. O texto da primeira página dizia “Recorde – Gaso­lina leva Temer a 94% de reprovação”. Da chamada depreende-se que o fato de autorizar o aumento de impostos contidos na composição do preço dos combustíveis teria elevado a rejeição (já bastante alta) do presidente da República. Interna­mente, porém, o olho da matéria intitulada “Reprovação a Temer atinge novo recorde” diz outra coisa: “Brasil em crise – Pesquisa mensal, feita ainda antes do aumento dos combustíveis, mostrou que 94% dos entrevistados reprovam o presidente”.

Ou seja, infere-se que a rejeição a Michel Temer seja ainda maior do que os 94%, apurados, na realidade, antes da elevação do PIS/Cofins sobre gasolina e óleo diesel. Ao contrário do que possa parecer, fazer a capa de um jornal não é fácil e erros assim acontecem. Mas um procedimento de crivo da primeira página com mais sintonia fina teria evitado o erro.