5 livros que serão diamantes para seu cérebro em 2026… e para sempre
27 dezembro 2025 às 21h00

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Aos poucos as editoras brasileiras começam a divulgar os livros que vão publicar em 2026. O Jornal Opção listou cinco lançamentos, priorizando aqueles que sairão no primeiro trimestre.
Vale o registro de que o primeiro volume da biografia de Carlos Lacerda, escrita pelo pesquisador e jornalista Mário Magalhães, sairá em março de 2026. Mas ainda não consta nos sites nem da Companhia das Letras nem das livrarias.
1
Coisa de Gente Branca
Langston Hughes

Langston Hughes demorou a chegar ao Brasil. O poeta e prosador americano, príncipe do Harlem Renaissance, ganhou uma tradução precisa de Leo Gonçalves (autor de uma apresentação luminosa). “O Negro Declara e Outros Poemas” saiu numa edição caprichada pela Editora Pinard. Eis o poema “Eu, também”: “Eu, também, canto a América.// Eu sou o irmão mais preto./ Quando chegam as visitas,/ Me mandam comer na cozinha/ Mas eu rio/ E como bem/ E vou ficando mais forte.// Amanhã,/ Quando chegarem as visitas/ Me sentarei à mesa./ Ninguém ousará/ então/ me dizer,/ ‘Vá comer na cozinha’./ Sem contar que/ Verão como eu sou bonito/ E terão vergonha —/ Eu, também, sou a América.”
Em fevereiro de 2026, sai, pela Editora Zahar, “Coisa de Gente Branca” (216 páginas), parte da coleção Harlem Renaissance. A tradução é de José Roberto O’Shea.
Livro de 1934, “Coisa de Gente Branca’ revela que Hughes, além de exímio poeta, era também um sagaz prosador, capaz de retratar com mestria as relações raciais no pós-abolição. Em 14 contos, explora as paranoias e contradições das pessoas brancas, que se inflamam diante da maior infração que as personagens negras parecem cometer num país outrora marcado pela escravidão: viver como quem não deve nada a ninguém, iluminando, em cada história, a dignidade, a beleza e a coragem de quem buscava a todo custo a liberdade”.
2
Uma história da literatura brasileira contemporânea — A Narrativa
Regina Dalcastagnè

Quem estuda literatura brasileira e não conhece a obra de Regina Dalcastagnè pode até ser parente de Matusalém, mas não é amigo do que há de melhor na prosa patropi. A professora da UnB é uma das mais notáveis pesquisadoras-intérpretes das obras literárias contemporâneas que realmente contam e, até, das que contam mais ou menos. É uma espécie de Antonio Candido de saia (ou de calça mesmo).
Coroando anos de estudo, Regina Dalcastagnè lança, em 2026, “Uma História da Literatura Brasileira Contemporânea — A Narrativa” (Todavia, 608 páginas). Pelo número de páginas, é uma obra abrangente.
De acordo com a Editora Todavia, “as reflexões” de Regina Dalcastagnè “mergulham na diversidade ficcional das últimas décadas”. A autora “empreende uma abordagem crítica calcada no dialoguismo estabelecido pelos textos entre si, e frente ao desafiador momento histórico vivido pelo país”.
A modernização do país, enfatiza a crítica, ganha ecos na produção literária. “O livro se pauta por deixar as obras falarem.” O estudo de Regina Dalcastagnè exibe “uma abordagem que entende a literatura como prática social que constrói romances irmanados com a história do país”.
A Todavia ressalta que “a atenção da autora não se descola de uma perspectiva que encara o processo histórico e percorre seu objeto condensado em quatro eixos temáticos: percursos espaciais, percursos políticos, percursos íntimos e percursos cotidianos”.
3
O Rio de Fernando Sabino — Passeio Afetivo pela Cidade
Teresa Montero

Há quem acredite que o Rio de Janeiro foi descoberto ou redescoberto por cinco escritores mineiros — Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos, Oto Lara Resende, Helio Pellegrino (psicanalista) e Fernando Sabino — e um capixaba, Rubem Braga.
Fernando Sabino se tornou um dos mais cariocas dos egressos de Minas Gerais. No Rio construiu sua morada e, sim, grande parte de sua obra.
Excelente biógrafa de Clarice Lispector, Teresa Montero teve uma grande ideia e a transformou em livro: “O Rio de Fernando Sabino — Passeio Afetivo Pela Cidade” (Autêntica, 272 páginas). A obra sairá em março de 2026, mas já pode ser encomendada no site das livrarias.
De acordo com a Editora Autêntica, “‘O Rio de Fernando Sabino’ é um guia que conduz o leitor por dezesseis Caminhos Sabinianos, revelando o Rio de Janeiro onde o escritor mineiro de Belo Horizonte viveu durante 56 de seus 80 anos”.
Guiados pelas mãos seguras de Fernando Sabino, com o apoio de Teresa Montero, os leitores poderão percorrer dezesseis bairros pelos quais o escritor trafegou com atenção e prazer.
“Fernando Sabino circula sozinho, com amigos ou com os filhos, por praias, livrarias, restaurantes, bares, praças e edifícios”, anota a editora. O ensaio fotográfico é de Daniel Ramalho.
Teresa Montero é autora do livro “Eu Sou uma Pergunta: uma Biografia de Clarice Lispector”.
4
As Guerras do Lixo — Os Despojos de um Negócio Global Bilionário
Alexander Clapp

“Se você quer saber como o mundo realmente funciona, leia este livro”, diz Misha Glenny, autor de “McMáfia e o Dono do Morro”.
“As Guerras do Lixo — Os Despojos de um Negócio Bilionário” (Zahar, 440 páginas, tradução de Berilo Vargas) resulta de uma investigação demorada e apresentada como precisa e ampla.
De acordo com a Editora Zahar, trata-se do “primeiro grande livro a expor a realidade catastrófica do comércio global do lixo — um negócio clandestino cuja finalidade é despachar os restos do consumo dos países ricos da Europa e da América do Norte para continentes distantes, paisagens intocadas e economias necessitadas”.
Meticuloso, Alexander Clapp seguiu, por dois anos, o rastro do lixo por todo o mundo. “Conversou com gângsteres da reciclagem em desmanteladores de cruzeiros na Turquia, catadores de plástico na Tanzânia, ativistas do meio-ambiente na Guatemala e jovens que desmontam e queimam celulares e televisores ocidentais por centavos a hora em Gana.”
O jornalista concluiu que “grande parte do lixo” global, sobretudo dos países ricos, “tem uma vida secreta. Enquanto uma parcela é enterrada ou jogada na beira de estradas, outra bem maior não tem mais onde ser posta e precisa sumir de vista das populações ricas. O lixo vira produto e alimenta um mercado bilionário e oculto, sendo vendido, revendido ou contrabandeado de um país para outro, com consequências devastadoras e todo tipo de disputa, desde conflitos por fronteira, mercado e território à luta pela preservação ambiental”.
5
Sustentar a Nota — Perfis Musicais
David Remnick

Conhecido como editor da revista “New Yorker”, David Remnick é um jornalista, crítico e ensaísta dos mais notáveis.
Eleito o livro do ano pelo “Financial Times”, “Sustentar a Nota — Perfis Musicais” (Companhia Letras, 336 páginas, tradução de Isa Mara Lando) sai em fevereiro de 2026, mas já pode ser encomendado nos sites das livrarias.
Segundo a Cia das Letras, “de Aretha Franklin a Luciano Pavarotti, de Paul McCartney a Patti Smith, ‘Sustentar a Nota’ compõe um retrato intimista dos grandes nomes da música internacional. Um livro para os amantes da cultura, escrito com um apego apaixonado a uma profunda admiração pela música e pela forma como ela nos moldou”.
As músicas “Halleluja”, de Leonard Cohen, e “Like a Rolling Stone”, de Bob Dylan, “nos remetem a tempos e lugares específicos e carregam sentimentos próprios, Retratam alegrias e angústias profundamente humanas”.
David Remnick, de acordo com a editora, “narra o encontro de onze cantores com o elemento básico de uma obra musical: o tempo”.
A “New Yorker” publicou sobre o livro: “Remnick captura o ritmo e o timbre dos grandes músicos da contemporaneidade: a escuridão de Leonard Cohen, a arrogância de Bruce Springsteen, a transcendência de Mavis Staples. Estes perfis perpassam a vida e o legado de cantores icônicos de seu trabalho indelével: as canções que fazem parte de nós”.
Booklist assinalou: “Remnick oferece insights impressionantes sobre Luciano Pavarotti, Aretha Franklin e Buddy Guy; um retrato ao mesmo tempo engraçado e dilacerante de Keith Richards, novas formas de ver Paul McCartney, Bob Dylan e Patti Smith”.

