Dia D Normandia: mulheres colaboraram para derrotar o nazismo de Hitler

06 junho 2024 às 15h52

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Matéria originalmente publicada em junho de 2022
Ganha-se uma guerra com Inteligência — espionagem e contraespionagem — de primeira linha. Mas sobretudo ganha-se guerras com competência militar no campo de batalha. É preciso adicionar a Inteligência às lutas de homens tenazes. Mesmo hoje, não bastam drones e mísseis, como está ocorrendo na Ucrânia do presidente Volodymyr Zelensky.
Quando se trata da Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, os homens são as figuras mais lembradas. As mulheres são esquecidas, como se não tivessem participado de nada, exceto como enfermeiras. Porém, as pesquisas estão demonstrando que não é bem assim. Na União Soviética, por exemplo, várias guerreiras se destacaram, no campo de batalha — algumas eram exímias atiradoras (snipers de grande precisão e coragem) — e nas fábricas.

“Um livro fascinante. Espiões, romance, agentes da Gestapo, explosões de trens, coragem e traições… E a história é toda verídica.” — Erik Larson
No campo da espionagem, várias mulheres se destacaram, mas, ainda assim, são escassamente citadas pelos historiadores. Nos últimos anos, alguns pesquisadores decidiram mostrar como foram importantes para a vitória dos Aliados.
O mais recente relato publicado no Brasil é “As Mulheres do Dia D — A História Real das Espiãs Que Sabotaram os Nazistas e Ajudaram os Aliados a Vencerem a Guerra” (Sextante, 384 páginas, tradução de Bruno Fiuza e Roberta Clapp), de Sarah Rose.

Se um “habitante” de Marte aterrissasse sua nave na Europa em 1942, em busca de informações sobre a guerra, certamente, ao retornar, convenceria os marcianos de que Adolf Hitler se tornaria, em breve, o rei do continente. Porque a Alemanha, até aquele ano, estava vencendo a guerra, e com relativa facilidade. Porém, a invasão da União Soviética, que se bandeou para o lado dos Aliados — depois de ter sido parceira dos nazistas de 1939 a 1941 —, desequilibrou a luta em prol dos Aliados. A entrada dos Estados Unidos na batalha também foi decisiva para a vitória dos Aliados.
A Inteligência britânica percebeu que, se recrutasse mulheres para o serviço de espionagem, poderia ser um diferencial. Porque, naturalmente, suspeita-se mais de homens do que de mulheres. Convocadas, várias mulheres — 39, afirma Sarah Rose (e 39 é um número emblemático, pois a guerra começou em 1939) — atenderam à convocação do governo da Inglaterra, na época gerida pelo primeiro-ministro Winston Churchill, o político que “chutou” os joelhos dos britânicos, que estavam agachados e ordenou-lhes que levantassem e lutassem, para salvar a si próprios, o próprio país e a democracia.

Sarah Rose, assim como outros pesquisadores, leu diários, colheu relatos orais e compulsou dezenas de documentos em busca de estabelecer uma história que, em larga medida, estava oculta: a das mulheres que contribuíram para derrotar o nazismo da Alemanha e o fascismo na Itália.
A pesquisadora concentra-se na história de três mulheres — Andrée Borrel, Odette Samson e Lise de Baissac.
A parisiense Andrée Borrel, perseguida pelos alemães, não deixou de explodir linhas de energia. Odette Samson prestou serviços inestimáveis aos Aliados. Espiã atenta, Lise de Baissac se tornou uma líder com grande influência na cata a informações decisivas para os aliados. Ela pertencia à elite francesa.
Andrée Borrel, Odette Samson e Lise de Baissac — vale repetir o nome delas para que sejam lembradas — “destruíram linhas de trem, emboscaram nazistas, tramaram fugas de prisioneiros e reuniram informações cruciais de Inteligência, preparando o terreno para o Dia D, o ponto de virada da guerra”. Por sinal, há quem aposte que o ponto de virada não ocorreu na Normandia, e sim nas lutas bravias, intimoratas e letais dos soviéticos — tanto que nenhum país teve tantos mortos quanto a nação dirigida por Ióssif Stálin. A batalha (de tanques) de Kursk (os soviéticos derrotaram os alemães), por exemplo, não deve ser menosprezada pelos historiadores e, claro, pelos leitores.
O excelente “La Guerra Secreta — Espías, Códigos y Guerrillas: 1939-1945” (Crítica, 790 páginas, tradução de Cecília Belza e David León), de Max Hastings, não menciona nenhuma das três mulheres citadas por Sarah Rose.
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