Venezuela aprova referendo para anexar Essequibo; e agora?

04 dezembro 2023 às 13h10

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Durante o último domingo, 3, os venezuelanos participaram de um referendo sobre a anexação da região Essequibo. Conforme o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), cerca de 95,93% dos participantes foram favoráveis, enquanto 4,07% discordaram. Agora com a aprovação, o principal questionamento é: qual será o próximo passo de Nicolás Maduro?
O principal consenso entre os especialistas no assunto é de que o ditador deseja criar um “inimigo externo” para conseguir se manter no poder. Por conta de acordos para remover sanções econômicas dos Estados Unidos, a Venezuela pode ter eleições mais transparentes no próximo. Por isso, uma guerra poderia ser uma “salvação” para Maduro.
Com o pleito presidencial marcado para o próximo ano, um conflito armado poderia adiar o evento e assim Maduro permaneceria no poder. Ao mesmo tempo, ele teria a oportunidade de inflar o nacionalismo no país e aumentar a popularidade do seu governo. Lembrando que essa é uma estratégia comum em países ditatoriais.
Um exemplo dessa estratégia que tem sido comentado nas redes sociais ocorreu na Argentina em 1982. Durante a ditadura militar, o tenente-general Leopoldo Galtieri tentou invadir as Ilhas Falkland, ou Malvinas, da Inglaterra. Só que a ideia não deu certo, a guerra durou 74 dias, os argentinos foram derrotados e o regime ditatorial caiu.
Assim como no confronto entre ingleses e argentinos, os EUA também podem desempenhar um papel fundamental na Guiana. Com recentes parcerias envolvendo o petróleo, os americanos também assinaram acordos militares com o governo local. Algo que deixa a situação mais complicada para o chefe de Estado venezuelano
Pode parecer que ultimamente os americanos estejam mais preocupados com os conflitos envolvendo Israel e a Ucrânia, o que pode levar Maduro pensar que eles não vão intervir. Mas, não se engane, a capacidade militar americana está longe de ser sobrecarregada e eles podem ajudar a Guiana a vencer a guerra. Então, isso poderia ser um “blefe yankee”?
Por exemplo, alguns especialistas apontam o caso da Guerra do Golgo, no qual os EUA teriam deixado no ar a possibilidade de não intervir na nvasão do Iraque ao Kuwait. Entretanto, eles não só participaram ativamente do conflito, como mobilizaram uma Coalização Internacional. Resultado: Saddam Hussein e o Iraque foram massacrados.
Por isso, apesar da vitória (considerada fraudulenta) do referendo, Maduro pode entrar em uma “arapuca” que pode resultar no fim do seu governo. Fora que pode causar milhares de mortes durante o processo. Como diria o escritor americano Mark Twain, a “história não se repete, mas rima”.