Protestos anti-Trump marcam os EUA, mas extrema-direita não deve recuar tão cedo

18 outubro 2025 às 20h30

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Neste sábado, 18, milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na campanha “No Kings” (“Sem Reis”). Segundo os organizadores, pelo menos 2.600 cidades foram palco de mobilizações em massa contra o que chamam de “guinada autoritária” promovida pelo mandatário norte-americano.
Trechos inteiros de cidades como Nova York, Los Angeles e até mesmo a capital Washington foi tomada por manifestantes. Além disso, os protestos ultrapassaram fronteiras, com marchas registradas em Londres, Madri e Barcelona.
Organizado por figuras públicas e políticas, como o senador independente Bernie Sanders e a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, o movimento tem como principal objetivo trazer à tona o caráter autoritário e inconstitucional do governo Trump, evidenciado por ações como a prisão de juízes federais, a restrição de acesso à informação pela imprensa e as ofensivas contra universidades que acolhem estudantes imigrantes.
Apesar de simbólicas, as manifestações dificilmente alcançarão seus objetivos mais ambiciosos da destituição do presidente, uma vez que o Congresso e Judiciário são aliados próximos da gestão. Com isso, as ações arbitrárias do republicano já demonstraram, ainda nos primeiros meses de governo, uma realidade incômoda: Donald Trump, assim como a extrema-direita, veio para ficar, e não deve sair sem uma luta.
Nova extrema-direita
Ressurgindo como um movimento populista em meio à crise financeira de 2008, a nova face da extrema-direita conquistou justamente as principais vítimas do capitalismo do século XXI: o cidadão comum. No entanto, longe de oferecer uma cura para o sistema, essa corrente política vende um sonho, uma ilusão e uma falsa sensação de segurança e prosperidade diante dos problemas contemporâneos.
Ao mirar imigrantes e os “esquerdopatas” do Partido Democrata (mais ao centro do que à esquerda) Trump encontra um bode expiatório perfeito para culpar enquanto comete atrocidades em nome de resolver problemas que, muitas vezes, sequer existiam. Ao mesmo tempo, o republicano cria outras adversidades como a crise da mão de obra no meio rural (operada, em grande maioria, por trabalhadores emigrantes) e crises diplomáticas sobre parâmetros fictícios como o chamado “déficit comercial”.
É justamente aí que reside o maior absurdo da nova extrema-direita: a sua normalização como um movimento conservador legítimo. O mesmo fenômeno ocorre em países como Itália e Hungria, que vivenciam suas próprias “guinadas autoritárias” sob governos cada vez mais seletivos em relação a quem devem governar.
Diferentemente do Brasil — onde o Judiciário mantém uma atuação ativa, como mostrou a ADPF 619, de 2019, que revogou as deportações sumárias —, os Três Poderes dos EUA parecem estar em coluio na chamada tomada hostil do poder contra o povo americano. Em meio a absurdos, a Suprema Corte (o equivalente ao STF) tem validado as ações de Trump e limitado as respostas judiciais capazes de barrar suas inconstitucionalidades.
Agora no poder — e, ao que tudo indica, sem freios —, Trump se move como se fosse imparável, mesmo diante do povo que o colocou na Casa Branca. A mensagem desafiadora daqueles que agora saem às ruas contra o monstro que ajudaram a criar deve servir de alerta aos brasileiros, que em 2026 voltarão às urnas para decidir quem realmente deve governar o país.
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