Já podemos chamar a guerra na Faixa de Gaza de genocídio?

23 junho 2025 às 19h32

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Em um mundo marcado por conflitos de alta letalidade, como na Ucrânia, no Congo e especialmente na Faixa de Gaza, onde ocorre um genocídio a céu aberto, cresce a urgência de se refletir sobre a paz. Qual é a paz possível dentro da condição humana como ela se apresenta hoje? Como lidar com a indiferença de nações que historicamente defenderam os direitos humanos e a democracia?
Particular atenção é dada à guerra entre Israel e Irã, considerada uma ameaça global, porque ela é capaz de escalar para uma guerra total e comprometer a biosfera. O que falta para o povo palestino receber a mesma atenção? A morte de 60 mil pessoas não compromete a vida na terra? Atos contra ataque dos EUA, pró-Irã e pró-Israel tomam ruas no mundo, mas quem clama pelo povo que tem sido massacrado por Israel?
O universo se originou do caos — e esse caos, embora desorganizado, é também criativo. Assim como no cosmos, também no ser humano coexistem ordens contraditórias: somos seres de sapiência e demência, capazes de construir a paz e a arte, mas também de provocar violência, exclusão e destruição.
O salto para a humanidade se deu com a cooperação e o compartilhamento, características fundamentais para a construção da paz. Em contrapartida, o sistema econômico atual (capitalismo), é centrado na competição e no acúmulo, sendo um modelo que perpetua desigualdades e guerras.
É preciso fortalecer os valores do cuidado, da cooperação e da solidariedade — base para uma política que, como disse Gandhi, deve ser “o cuidado com as coisas do povo”. Nesse contexto, é fundamental políticas públicas que priorizem os mais vulneráveis, como o combate à fome e a titulação de terras para povos originários e moradores de favelas.
É preciso uma aliança global baseada no cuidado mútuo e na convivência com a natureza. A paz não deve ser uma utopia ou desejo de sonhador (como cantou Jonh Lennon), mas deve ser resultado de uma prática contínua de justiça, diálogo, cuidado e amorosidade, capaz de nos salvar coletivamente.
Guerra em Gaza
A guerra na Faixa de Gaza completou 50 meses hoje e já matou 54,7 mil palestinos, cerca de 70% de mulheres e crianças, de acordo com as autoridades palestinas na região. Com o território quase todo destruído, aproximadamente 2 milhões de pessoas sofrem de fome devido ao bloqueio para entrada de ajuda humanitária imposto por Israel, que defende a emigração em massa de palestinos para fora de Gaza.
Nessa semana, os Estados Unidos vetaram resolução apresentada no Conselho de Segurança da ONU que pedia um cessar-fogo permanente e imediato em Gaza. Os outros 14 países do colegiado votam a favor da medida.