Força-tarefa contra as queimadas em Goiás: precisamos do poder público

11 julho 2023 às 14h11

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Quem mora em Goiás – ou em qualquer parte do Centro-Oeste – sente isto literalmente na pele: os dias e meses, a partir de agora, passam a ser notadamente mais secos e sufocantes. O frio de julho ainda traz a ilusão, especialmente no período noturno, de que o ar está respirável. Mas logo passa.
No Cerrado, o céu encoberto por pontos de fumaça será a rotina até pelo menos o começo de outubro. Somente em junho, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve 4.472 ocorrências de incêndios no que é o segundo maior bioma do Brasil e que contém uma das maiores biodiversidades do mundo. Cada hectare perdido de vegetação nativa é, portanto e por si só, uma tragédia ambiental.
Ano após ano, essas tragédias se repetem. A sensação de quem entende com um pouco mais de informação e de profundidade o que está acontecendo é de plena impotência: a carbonização de plantas e bichos – esses com doloroso sofrimento, tentando em pânico se salvar sem sucesso – forma cartões-postais de nossa incapacidade, como indivíduos, de fazer alguma coisa.
Pior é saber que este ano, especialmente, a coisa deve ser muito mais grave. É que a expectativa de resultados ainda mais catastróficos se torna bastante alta pela influência do fenômeno El Niño. A natureza, no caso, está trazendo um fator a mais de preocupação em meio às evidentes consequências climáticas do aquecimento global – lembrando, por exemplo, que a semana passada fez história negativamente, como a mais quente já registrada no planeta.
Se indivíduos podem muito pouco, o poder público pode um pouco mais. E, nesse caso, é preciso que haja uma força-tarefa para tentar, ao menos, minimizar os danos ambientais que certamente serão provocados e que, também certamente, causarão prejuízos à saúde da população – em algumas localidades e situações com a perda de vidas, inclusive.
Nada seria mais providencial , para o momento, do que a instalação de um comitê de crise entre as mais diversas instituições. No caso, que fosse liderado em Goiás pelo governo estadual – e aqui é uma sugestão apenas, dado o sucesso de uma missão similar recente, nas medidas de combate à Covid-19.
Ronaldo Caiado (UB), portanto, como governador e líder ruralista (o agronegócio, maior fonte de riqueza goiana, será um dos setores mais afetados pelo que trará El Niño) tem em suas mãos mais uma decisão importante a tomar: puxar uma força-tarefa de combate às queimadas em Goiás. Meio ambiente, economia e a população goiana, claro, agradecerão os esforços.