Diniz na Seleção é prova de incerteza da CBF e chance de ouro para um técnico contestado

06 julho 2023 às 18h52

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O anúncio de Fernando Diniz como técnico interino da Seleção Brasileira pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deu o que falar, como era esperado. Até então, Ramon Menezes, treinador da equipe sub-20, vinha sendo mantido no cargo também de forma interina, mas o desempenho de seus comandados nos últimos amistosos gerou uma pressão à entidade máxima do futebol brasileiro.
Apesar da CBF não confirmar oficialmente, a imprensa já dá como certa a vinda de Carlo Ancelotti, atual técnico do Real Madrid, para comandar a Seleção Brasileira a partir do meio do ano de 2024. Mesmo que estiver certo, fato é que nem CBF, nem o treinador podem se manifestar sobre isso, já que ele está em contrato com o time da Espanha. O italiano poderia assinar um pré-contrato com a CBF apenas em janeiro do ano que vem. Então, caso tenha algum certo, é apenas apalavrado.
Enquanto dirige a seleção, Fernando Diniz continuará no Fluminense, o que também gerou muita polêmica com os torcedores tricolores e de outros times, que alegam conflito de interesse. O contrato com a CBF dará a ele a oportunidade de comandar o Brasil em seis jogos: Bolívia e Peru em setembro; Venezuela e Uruguai em outubro; além de Colômbia e Argentina em novembro. Tudo pelas eliminatórias para a Copa do Mundo 2026.
Trata-se de uma verdadeira chance de ouro para um técnico bastante contestado entre torcedores brasileiros, mas nem tanto entre jogadores. O craque Neymar e o lateral-direito, Dani Alves, que está preso na Espanha por crime sexual, já demonstraram publicamente a vontade de trabalhar com Diniz na seleção. O mesmo não pode se dizer da torcida brasileira, que criticava o treinador por nunca ter ganho um título de expressão. Neste ano, conseguiu ser campeão carioca pelo Flu.
Quem defende Fernando Diniz alega que seu estilo de jogo apenas daria certo com um time de qualidade, jogadores com bom passe. Ora, e para quê teste melhor então do que na Seleção Brasileira? O técnico é conhecido por sua estratégia de sair jogando desde o goleiro até o ataque, sem balão ou chutão. Ederson é uma boa opção para ele, já que o arqueiro é reconhecido por sua habilidade com os pés no Manchester City de Pep Guardiola.
Diniz terá os seis jogos mais importantes da vida dele para provar aos que o contestam que ele é um treinador a ser respeitado e, quem sabe, até assumir de fato o comando da seleção no futuro. Mas, é prudente fazer um projeção disso.
E se Diniz for bem?
Claramente, a intenção da CBF é manter Diniz por um comando de tampão até a chegada de Ancelotti. No entanto, e se o treinador conseguir bons desempenhos com a seleção nesses seis jogos em que estará à frente da equipe? O que fará a CBF? Trocará o certo pelo duvidoso?
Isso prova a incerteza da entidade máxima do futebol em relação à vinda de Ancelotti em 2024. Por ser algo apenas apalavrado em tese, há quem tema que o italiano volte atrás e renove com o Real Madrid, deixando a seleção a ver navios. Entretanto, acredito que o contrário seja mais provável em caso de sucesso de Diniz à frente da amarelinha.
O imbróglio coloca a CBF em uma situação delicada: o comando tampão será permanente em caso de sucesso e a entidade se queimará com um dos maiores treinadores da história mundial, mesmo que as partes não possam falar publicamente? A CBF “torcerá” por um início turbulento para justificar a chegada de Ancelotti e ter um começo ruim de eliminatórias?
Um outro ponto importante a se destacar é a diferença de estilos. Se Fernando Diniz vem para uma transição, não seria prudente colocar um treinador com uma ideia de jogo que se assemelhe a Ancelotti? Ou alguém próximo ao italiano que vá dando feedbacks ao técnico europeu? O ditado já diz: é melhor um pássaro na mão, do que dois voando.
Ah, e só a título de informação, a Argentina, atual campeã mundial, também estava com Lionel Scaloni de forma interina e acabou o efetivando. As circunstâncias dos hermanos eram diferentes, mas fato é que Scaloni, também contestado, deu certo. Não estou querendo dizer nada com isso, já que não existe fórmula exata no futebol, mas é algo para refletir.
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