Nos últimos meses, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), tem chamado atenção não apenas no âmbito estadual, mas também nacionalmente — e há indícios de que seu nome começa a ganhar força rumo a 2026. Uma nova sondagem da Genial/Quaest aponta que o percentual de eleitores que ainda não conhecem Caiado caiu para 51 %. Esse avanço, ainda que modesto, sinaliza que a visibilidade dele está aumentando — e isso pode ter implicações para suas ambições presidenciais.

E vale destacar: esse crescimento não vem do vácuo. Caiado tem estruturado sua gestão em Goiás sobretudo a partir da segurança pública, entre outras áreas, o que lhe concede um discurso claro, diferenciado e com apelo em um momento em que o tema da criminalidade se torna cada vez mais central no Brasil. A pesquisa da Genial/Quaest mostra que a administração estadual lidera avaliações em segurança pública, educação e políticas sociais.

Neste contexto, a crise de segurança observada no Rio de Janeiro ressalta ainda mais o diferencial da postura de Caiado. À medida que as facções criminosas ganham visibilidade, muitas vezes em cenários extremos de violência, o governador goiano se posiciona com firmeza: para ele, as organizações criminosas devem ser tratadas com o mesmo nível de atenção que o terrorismo exige — um recado que ressoa junto a setores da opinião pública que clamam por ações mais duras e estruturadas no combate ao crime organizado.

Essa analogia — de facções criminosas com terrorismo — é potente. Ao coloca­-las nesse patamar, Caiado não apenas denuncia o grau de letalidade e abrangência dessas redes, mas também reivindica o direito de que a segurança pública seja tratada com prioridade nacional, não apenas regional. É uma tática que pode impulsionar seu reconhecimento fora de Goiás e posicionar seu discurso em sintonia com uma agenda de Lei & Ordem que vem ganhando tração no país.

Além disso, o avanço da visibilidade de Caiado — mesmo que ele ainda seja desconhecido para uma parcela significativa da população — indica que este é o momento de transição: de gestor estadual bem avaliado para protagonista em um debate nacional. Como a pesquisa mostrou, em maio ele registrava 62% de desconhecimento; agora aponta 51%. Isso mostra que o principal desafio — ser conhecido — começa a ser vencido, e que o campo de atuação futura está se abrindo.

Entretanto, é importante ponderar: visibilidade não significa automaticamente competitividade real em uma corrida presidencial. A parcela que conhece Caiado e declararia voto ainda é pequena: segundo o levantamento, 15% dos entrevistados o conhecem e votariam nele, enquanto 34% conhecem, mas não votariam. Portanto, a construção de um projeto nacional exigirá não apenas ampliação de reconhecimento, mas também consolidação de propostas que conversem com expectativas nacionais e articulação política capaz de escalar o alcance goiano para todo o país.

Outro ponto que merece atenção é a coerência entre discurso e resultados. A avaliação da gestão de Caiado em Goiás se destaca: no setor de segurança pública, o levantamento aponta 74% de avaliação positiva para o Governo de Goiás. Esse índice fortalece sua narrativa de gestor capaz de entregar resultados — um requisito essencial para quem almeja cargos maiores. Se ele conseguir projetar essas realizações em linguagem nacional, sua força aumentará.

Em suma: Ronaldo Caiado está em uma fase de ascensão política. Ele construiu uma base de reputação sólida em Goiás, com destaque para a segurança pública, e agora vê seu nome ganhar visibilidade nacionalmente. A crise no Rio de Janeiro e a grave situação de segurança que o Brasil enfrenta dão a ele um palco favorável para apresentar sua mensagem de combate ao crime organizado — reforçando o paralelo com o terrorismo para dar gravidade à ameaça. Resta agora saber se esse momento será bem aproveitado em termos de articulação, alianças e projeção além de Goiás.

Se ele conseguir manter essa toada e converter visibilidade em força política nacional, estará bem-posicionado para 2026. Mas para isso, precisará responder ao desafio de ser não apenas um nome conhecido, mas competitivo, articulado e com plano nacional claro. O capítulo Goiás já está sendo escrito — agora é hora de virar a página para o Brasil.

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