As armas da extrema-direita contra a democracia e a população pobre
13 novembro 2025 às 18h36

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Há pouco menos de um ano das eleições gerais, marcadas para outubro de 2026, a extrema-direita já começou a usar suas armas para conseguir mais espaço tanto no legislativo quanto no Executivo. As frentes da ideologia política, que é nociva, já começam a aparecer tanto nas redes sociais quanto em estados brasileiros governados por ela.
No X (antigo Twitter), o impulsionamento de conteúdo de extrema-direita já acontece desde a compra da rede social pelo bilionário Elon Musk. Porém, no Brasil, o conteúdo acaba sendo impulsionado ainda mais nos últimos meses. É comum ver perfis espalhando informações falsas, facilmente checáveis, e vídeos utilizando Inteligência Artificial, que é considerada a arma mais nociva para a desinformação.
Além disso, jornais e canais de YouTube, financiados pela extrema-direita, espalham, deliberadamente, informações falsas e utilizam suas plataformas para lucrar e, mais que isso, desinformar. Isso, para um eleitor médio que trabalha 8 horas por dia e fica mais 4 horas dentro de um transporte público, é algo mais difícil de checar. Muitas pessoas, também, não tem interesse em fazer isso e apenas repassa a informação que acaba atingindo uma grande parcela da população.
Esse grande alcance se converte em duas coisas: ódio contra opositores e votos. Isso, em um pleito que deve ser extremamente apertado, como é o esperado para 2026, pode definir uma eleição. Diante desse cenário, é necessário criar mecanismos tanto de prevenção quanto para punição de candidatos que espalham informações falsas e difamatórias contra adversários políticos.
Já fora das redes sociais, o que reina para a extrema-direita é a necropolítica, que ganha votos em cima de corpos de pretos e favelados. O maior exemplo disso é a mega operação no Complexo Alemão e na Penha em outubro. Na ocasião, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), ganhou capital político ao promover a maior chacina da história do país em uma operação que jamais pode ser considerada um sucesso.
A Polícia Civil, a Polícia Militar e o Bope subiram o complexo de favelas para cumprir mandados de prisão, cujo nenhum deles foi cumprido, e deixaram para trás mais de 120 corpos, incluindo quatro policiais. A apreensão de fuzis, que foi pouco quando comparados a outras operações onde nenhum precisou ser disparado, não é justificativa.
É necessário olhar para a ótica de que, essa operação política, não enfraqueceu o Comando Vermelho. Ele continua no Alemão, na Penha e em outras favelas do Rio de Janeiro e continua sua ampliação no resto do país. O crime não se acaba com violência, ele só fica mais violento. Para acabar com o crime é necessário diminuir a desigualdade social e dar mais oportunidade para a população pobre e periférica.
O único braço do estado que entra em uma favela é o armado, nunca o da educação, da saúde e de serviços básicos e isso abre espaço para que facções criminosas, como o Comando Vermelho, ofereçam o básico disso e acabam ganhando simpatia da população e, com isso, consigam recrutar novos traficantes e soldados para o tráfico.
Na ótica da polícia, que tragicamente perdeu quatro agentes, é necessário olhar para o perigo do qual eles foram envolvidos. Quando se coloca 2.500 agentes na rua contra traficantes fortemente armados, o espaço falha com eles por falta de planejamento. A polícia precisa estar bem preparada para que não ocorram baixas de nenhum dos dois lados. No Brasil não há pena de morte nem para os piores criminosos do país, então não deveria ter para suspeitos que não tiveram sequer a chance de serem julgados.
As armas da extrema-direita estão sendo ativadas e devem continuar até o pleito de 2026. É necessário que a população entenda o que precisa ser feito para resolver os problemas da sociedade, e não fazer populismo barato em troca de votos para que alguns políticos passem os próximos 4 anos recebendo dinheiro público sem resolver os problemas de fato da sociedade brasileira.
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