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Não há melhor aprendizado do que o da experiência pessoal. A experiência dos que nos são próximos também é valiosa e segue-se depois, como mais eficiente, o que se aprende por estudos sérios ao longo da existência.

Na vivência pessoal, na família e nos estudos, moldamos o conhecimento que nos orientará na vida.

Segue-se, como corolário, que quem não estudou, não bebeu da sabedoria materna ou paterna, e apenas viveu, terá deficiente capacidade de escolha em sua vida. Se tiver influência nos rumos de outras pessoas, levará muitos para o mau caminho. O leitor sabe do que falo.

Pretendo, nas linhas que se seguem, falar um pouco do que aprendi de nossa saúde pública.

Tenho observado, principalmente nos últimos anos, que amigos e conhecidos, os de menores posses principalmente, têm passado por grandes angústias quando buscam o serviço público de saúde, nessa nossa Pátria Amada.

Vejo com pesar e preocupação que a saúde no Brasil, se comparada no contexto mundial, é de envergonhar.

Tenho pena dos humildes, que só a ela podem recorrer nos momentos de aflição, e que encontram suas portas fechadas. E nada vejo, nos últimos 20 anos, de mudança para melhor. Ao contrário.

Na Saúde Pública, falo por observar de perto, até uma consulta não costuma ser fácil. Um procedimento simples, como reduzir uma fratura e aplicar um gesso, pode se transformar em um drama. Uma cirurgia de urgência pode se transformar em tragédia, como pode ocorrer com a necessidade de internação em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Conseguir um medicamento importante pode demandar anos, enquanto o paciente definha. Esgoto a céu aberto e falta de água tratada são constantes ameaças às nossas crianças.

Por conhecimento pessoal, vejo que países não ricos como França ou Alemanha, mas relativamente pobres, como Portugal, ostentam serviços excelentes de saúde pública, com instalações simples, mas funcionais, com atendentes e enfermeiros competentes e educados e médicos qualificados, e com serviços prestados a tempo e a hora.

Não poderíamos ter um Serviço de Saúde nos moldes do português? É de se perguntar. E a resposta é sim.

E se perguntarmos por que não temos, a resposta também não é difícil de se encontrar. Veja o leitor o quadro abaixo, que contempla três países selecionados: nosso Brasil, um vizinho latino-americano, o Chile, e nosso avozinho, Portugal, que mencionei aqui, por conhecer sua saúde pública e ser, até, em termos europeus, um país pobre.

Irapuan quadro outubro 2025

O quadro nos mostra coisas ao mesmo tempo tristes e interessantes, para os brasileiros:

1

Nossos bebês morrem, em média — que tristeza! — cinco vezes mais que os bebês portugueses e duas vezes e meia mais que os nenéns chilenos, como mostra a coluna 4.

2

Nossos velhinhos, nossos pais e avós, vivem quatro ou cinco anos menos que os velhinhos chilenos ou portugueses, como se vê na coluna 5.

Uma coisa e outra, que têm tudo a ver com saúde pública, se explicam pela coluna 3: Portugal gasta três vezes mais que o Brasil e o Chile gasta o dobro, com a saúde pública. E por que é assim? Falta dinheiro aqui? Fatos são fatos, e listamos alguns para os leitores:

A —  Embora os gastos públicos sejam exagerados no Brasil, com sua máquina de governo gigantesca, esses gastos não se dirigem à população carente e aos serviços que beneficiam a sociedade, como acontece, por exemplo, com Portugal.

No Brasil, a prioridade é gastar com a elite, e com os “companheiros” do governo, ainda que faltem recursos para saúde e educação.

Enquanto o Brasil gasta com a Justiça 1,60 % do PIB, principalmente com os salários da cúpula, Portugal gasta 0,35%, menos que a quarta parte.

Um deputado português recebe por mês a quantia inferior a 5 mil euros, ou seja, algo como 30 mil reais, enquanto nossos deputados, com suas vantagens inexplicáveis, chegam ao dobro disso, ou mais.

Emendas parlamentares pouco ou nada fiscalizadas correspondem a enormes quantias levadas para lugares incertos e não sabidos. Bilhões contemplam um Fundo Partidário que beneficia parlamentares sem nenhuma contrapartida social.

B — O Poder Executivo usa e abusa do dinheiro público nos cartões de crédito corporativos (são mais de 5.000), nos ministérios inúteis (são 40, quando bastariam 14 ou 15), nos funcionários, bolsistas e pescadores fantasmas, nas viagens em jatos da FAB, nos programas sociais feitos para ganhar eleições consumindo bilhões de reais, nas verbas generosas para comprar a voz dos artistas.

As viagens presidenciais são hoje faustosas, com uma primeira-dama deslumbrada e mais de uma centena de acompanhantes do Presidente em cada viagem ao exterior, acompanhantes esses, também esquerdistas deslumbrados, lambuzando-se de dinheiro público nos hotéis mais caros do mundo, nas viaturas de luxo, nos restaurantes frequentados pelos milionários internacionais. Bilhões são gastos para comprar uma imprensa desinformativa, que esconde o que atinge o Governo e publicar elogios a ele.

C — Uma montanha de dinheiro de impostos, que seria bem-vinda na Saúde Pública, sai pelo ralo na corrupção, nos mensalões, petrolões, roubos no INSS e nas empresas públicas.

D — Quantias fabulosas, tiradas do trabalhador brasileiro foram entregues, de mão beijada, para “companheiros” esquerdistas no exterior, embora façam falta aqui dentro, e nunca serão devolvidas. Vide Porto de Mariel, em Cuba, aeroporto em Moçambique, bilhões entregues à Venezuela, para citar alguns poucos exemplos.

E — Os programas sociais, se cumprissem sua finalidade de socorro aos carentes, por certo custariam uma fração do que custam e dariam resultados melhores.

Mas o que ocorre: os programas sociais do governo não são temporários, como deveriam — eternizam a dependência, encabrestam votos e promovem a vadiagem.

Não estimulando o trabalho e criando hordas de permanentes e verdadeiros mendigos do dinheiro público, sobrecarregam os verdadeiros trabalhadores e promovem o desperdício – justamente dos recursos que fazem falta na saúde (para não dizer na educação e na segurança). Aqui, até bandido tem “bolsa”.

Por essas e por outras, com tantas “prioridades companheiras”, não sobra muito dinheiro para o que atende a sociedade carente. Por isso, não temos saúde pública que preste.