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Qual seria o comportamento natural da chamada “grande imprensa”, aquele conjunto das principais empresas de divulgação, mais poderosas e com maior poder de penetração, na imprensa falada, na escrita ou na televisiva? Evidentemente, me corrija o leitor se eu estiver minimamente enganado, noticiar os fatos que mais impactam a economia, a política ou a sociedade, do País principalmente. Dentro dessa concepção, não noticiar fatos importantes seria uma distorção bastante séria de função, há de se convir. Seria algo a causar estranheza.

Contudo, muitos fatos importantes, de grande repercussão nacional, que em tempos normais produziriam grandes manchetes, exigiriam providências por parte do governo, causariam empenho profundo por parte dos jornalistas mais investigativos, vêm ocorrendo sob um quase silêncio dessa chamada “grande imprensa”. Relaciono alguns, entre muitos:

1

Assaltos aos aposentados

Descobriram, algumas autoridades policiais mais cuidadosas, que entidades sindicais vinham há algum tempo praticando crimes dos mais repugnantes, porque vitimavam as pessoas mais desprotegidas, mais necessitadas e mais frágeis no tecido social: idosos e deficientes dependentes da previdência social.

Velhinhos vinham sendo roubados, de forma engenhosa, via descontos indevidos ou empréstimos fraudulentos, em suas já minguadas aposentadorias. E não eram cifras inexpressivas. O roubo contava-se já em bilhões.

Para completar, uma das figuras dirigentes de uma dessas entidades sindicais ladronas era nada menos que um irmão do presidente da República. Estranhamente, há um silêncio profundo em toda a “grande imprensa”.

Ninguém cobra nada, sequer uma providência; ninguém pede os nomes dos criminosos; ninguém pergunta por que não há nenhum dos ladrões preso. Pior que isso, ninguém sequer noticia alguma coisa, embora se trate de um dos maiores e mais hediondos crimes já praticados em terras brasileiras, e que parece não estar sendo investigado. É ou não estranho?

2

Irã e Urânio

No início do presente mandato do presidente Lula, em 2023, dois navios de guerra iranianos atracaram em segredo no Rio de Janeiro, gerando protestos da embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley. Afinal, pouca coisa fica escondida dos EUA, donos do melhor serviço de inteligência do mundo.

O que teriam vindo fazer aqui as belonaves do Irã? Recentemente, com os EUA bombardeando as instalações nucleares iranianas, que buscam produzir bombas atômicas, foi levantada a hipótese de que essas embarcações tivessem vindo em busca de urânio brasileiro.

Há até um pedido de CPI na Câmara Federal visando esclarecer o fato, agravado pelo desaparecimento de cápsulas do material radioativo (noticiado em agosto de 2023 pela revista “Veja”) das instalações das usinas nucleares de Angra dos Reis. Embora algo verdadeiramente importante, e até verossímil, diante da manifesta simpatia do governo brasileiro para com o regime dos aiatolás, nada se noticia, nada se indaga, ao menos na imprensa mais tradicional. Muito estranho.

3

Mistério do avião russo

Em agosto, um avião cargueiro russo, um Ilyushin IL-76, decolado de Moscou, pousou em Brasília, sem que se tenha revelado o motivo da estranha visita.

Leve-se em conta que a empresa estatal russa que operou o voo está sob restrição dos Estados Unidos e que o governo brasileiro tem se alinhado ao lado da Rússia na sua guerra com a Ucrânia, embora seja esta a agredida.

O que veio fazer aqui o enorme cargueiro russo? Buscar alguma coisa? Trazer algo? Por que permaneceu aqui alguns dias antes de decolar para a Venezuela (logo ela)? A sociedade brasileira ignora, e a imprensa se cala. Não demonstrou o menor interesse em esclarecer o grande mistério. Estranho silêncio.

4

Calote contra os brasileiros

Nos primeiros governos Lula da Silva e no governo Dilma Rousseff, bilhões de dólares foram “emprestados”, via BNDES, e sem nenhuma garantia prestada pelos tomadores, para regimes de esquerda, beneficiando ainda empreiteiras amigas, que se locupletaram com a manobra.

Para citar apenas alguns, lembremo-nos de Cuba, Venezuela e Moçambique. Pessoas sensatas avisaram, no momento mesmo em que se faziam essas operações, que o dinheiro do trabalhador brasileiro não retornaria, que os tomadores não tinham recursos para o pagamento.

O exemplo mais flagrante, o empréstimo de 1 bilhão de dólares feito para a ditadura de Cuba modernizar o Porto de Mariel, nunca foi honrado. Sequer as parcelas de juros foram pagas. Calote total no dinheiro suado dos mais humildes trabalhadores brasileiros.

E a “grande imprensa” fala na questão? Cobra dos cubanos? Responsabiliza o governo? Nada. Absolutamente nada. Silêncio total sobre o tema, como se fosse um não acontecido, apesar do grande prejuízo que o Brasil, isto é, quem pagou impostos, está experimentando. Causa estranheza.

5

Armas e o tráfico de drogas

Qualquer autoridade policial sabe que o grande fornecedor de armas para o tráfico de drogas brasileiro é o contrabando paraguaio.

Recentemente, em Assunção, uma fiscalização da polícia paraguaia encontrou uma empresa (uma, entre muitas) importadora que havia trazido legalmente mais de 70.000 armas da Europa, havia raspado sua numeração e as havia contrabandeado para nossos traficantes.

É claro que o governo federal brasileiro sabe dessas coisas, já tão conhecidas. Mas se dedica, até histericamente, a perseguir atiradores esportivos, e suas armas absolutamente legais.

Poderia, com um simples acordo com o governo paraguaio, acabar com 90% do contrabando de armamento para a bandidagem nacional. Não o faz, e não explica por quê. E a “grande mídia” cobra providências? Nunca, jamais, em tempo algum. Se alinha ao governo na perseguição aos Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs). Afinal, presume-se que sejam eleitores de Bolsonaro. Estranho.

6

Davi Alcolumbre: blindado

Em outubro de 2021, a revista “Veja” publicou um artigo, nunca desmentido, documentando ações abjetas do senador Davi Alcolumbre, que havia arregimentado meia dúzia de senhoras humildes da periferia de Brasília, as havia contratado como assessoras de seu gabinete e vinha, há anos, se apropriando de cerca de 90% do salário delas.

Já lá se vão quatro anos, ele se reelegeu presidente do Senado e o silêncio da grande imprensa é sepulcral. Nem quando se candidatou à presidência, novamente, sucedendo Rodrigo Pacheco, o acontecido foi levantado pelos principais veículos da mídia. Estranho e inadmissível, até porque as vítimas são todas pessoas humildes. Mas aconteceu.

7

A agressora “companheira”

Neste mês, em tumultuada sessão na Câmara dos Deputados, a deputada Camila Jara (PT-MS) agrediu fisicamente o colega Nikolas Ferreira (PL-MG), fato que sempre foi, naturalmente, considerado grave na casa de leis.

O leitor não vai encontrar, na “grande imprensa” nenhuma matéria com o devido destaque condenando a agressão. Afinal, a agressora é “companheira”, e por isso protegida dos jornalistas militantes de esquerda. Algo indiscutivelmente estranho.

8

Estadão demitiu fotógrafo

O fotógrafo Alex Silva, do jornal Estado de São Paulo, que tinha 23 anos de casa, foi demitido após fotografar o ministro Alexandre de Morais fazendo um gesto obsceno para torcedores, em um campo de futebol. A “grande imprensa” desconheceu o fato. Nenhum jornalista desse segmento majoritário do setor de divulgação teve a dignidade de se solidarizar com o colega. Estranho, mas também ignóbil.

9

Omitir e desinformar

São alguns exemplos, apenas, entre muitos. Têm em comum essas omissões deliberadas algumas coisas: todas beneficiam o governo federal, seus aliados e as esquerdas mais radicais.

Na época de Nikita Kruschev, ainda quando se acreditava que a União Soviética dava qualidade de vida ao seu povo, o Kremlin pagava 4 milhões de agentes no mundo todo para desinformar.

Hoje, ao menos no Brasil, os jornalistas “progressistas” o fazem de graça. Afinal, são militantes de esquerda. E uma das melhores maneiras de desinformar é omitir. E, last but not least, patrões adoram um dinheirinho do governo para suas empresas de comunicação. Se ele está fluindo para o caixa, desde que os redatores façam o trabalho da esquerda, para que enquadrar jornalistas, não é mesmo? Mas que é tudo muito estranho — e vergonhoso — não há dúvida.