Em todas as nações que conseguiram conferir condições dignas de vida às suas populações, o crescimento obedeceu ao mesmo caminho: o governo, mantido dentro de limites modestos, dedicou-se a prover educação de qualidade (principalmente), saúde, segurança (pública, jurídica e fiscal), infraestrutura e induzir a atividade privada na economia, com um mínimo de intervenção.

Mostramos, em outros artigos, os exemplos mais expressivos, como os da Coreia do Sul e Singapura. Mas não precisamos ir à Ásia para conhecer o sucesso. Aqui mesmo, pontualmente, ele esteve presente, e por mais de uma vez.

Eis um exemplo claro e indiscutível: a foto abaixo é de outubro de 1976. Mostra uma visita do então ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, a Goianira, em Goiás, para acompanhar os experimentos que a Fazenda Santa Rita desenvolvia, induzida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Emater-GO (agência goiana de extensão rural) e pela Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária (Emgopa): os experimentos eram de plantio de trigo no cerrado.

Naquela época o Brasil era grande importador de alimentos. Sua produção anual de trigo era de 850.000 toneladas. Neste ano, devemos produzir algo como 9 milhões de toneladas, perto do consumo.

Com a soja, ocorreu algo até mais marcante. O Brasil, em 1975, produzia 11 milhões de toneladas. Hoje, produz cerca de 180 milhões. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Somos o maior exportador mundial. Como isso ocorreu:

Quando assumiu a Presidência da República, o general Ernesto Geisel escolheu cuidadosamente cada ministro de suas 16 pastas (hoje são 40). Cada qual era um expoente em sua especialidade (hoje são “companheiros”, geralmente incompetentes ou indolentes, quando não corruptos).

O ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli (recentemente falecido), era engenheiro agrônomo, pesquisador e professor, de reconhecida capacidade, da Escola Superior de Agricultura de Lavras, em Minas Gerais.

Paolinelli imediatamente após assumir o ministério acionou a Embrapa, direcionando-a para pesquisas que inovassem e levantassem a produtividade da pecuária e agricultura.

Uma de suas primeiras vitórias foi implantar no Cerrado, até então solo de baixíssima produtividade, gramíneas (o capim Brachiaria Decumbens e o Brachiaria Ruziziensis) que o tornaram uma pastagem de alta produtividade, revolucionando a pecuária brasileira.

As pesquisas continuavam, na agricultura, na suinocultura na avicultura e na pecuária, os cruzamentos se faziam e as novas descobertas imediatamente eram transmitidas às propriedades rurais, incentivando fazendeiros a melhorar sua produção.

O que ocorreu com nossa soja fica como um exemplo claro de sucesso da iniciativa privada, quando bem estimulada e apoiada por um governo responsável, esclarecido e competente. Fomos nisso exemplo para o mundo.

Há outros exemplos, dignos de nota, como o da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), fundada no Centro Tecnológico de Aeronáutica (CTA), em fins da década de 1960, privatizada em 1994. Hoje é uma das três maiores empresas da indústria aeroespacial no planeta.

Em artigo anterior — menciono isso para deixar o leitor em alerta quanto aos rumos políticos do país — mostrei o contraste, ao mesmo tempo, em nossa produção de soja, incentivada pelo governo, mas executada pelo agronegócio, isto é, exclusivamente pelo empresariado privado.

Raúl Castro, Lula da Silva e Miguel Díaz-Canel: a vanguarda do atraso | Foto: Reprodução

Essa produção cresceu de 200.000 toneladas em 1960 para 150 milhões de toneladas em 2020. Em contrapartida, em uma Cuba comunizada em 1959, a produção de cana de açúcar, da qual era o maior exportador mundial, com uma produção de 7 milhões de toneladas naquele ano (1960), já em 2020 produzia menos de 1 milhão. E hoje produz menos ainda, e menos do que consome.

Por que falo isso?

Porque o presidente Lula da Silva sempre foi um admirador de Fidel Castro e do regime comunista cubano.

Lula da Silva e Fidel fundaram o Foro de São Paulo, entidade encarregada de difundir o comunismo na América Latina. Doou ao regime cubano 1 bilhão de dólares do sofrido trabalhador brasileiro para a ditadura da ilha modernizar o Porto de Mariel, próximo da capital, Havana. Transferiu para a ditadura cubana centenas de milhões de dólares às custas do trabalho escravo dos cubanos do programa Mais Médicos. E recentemente fez uma das declarações mais surreais que um dirigente de seu porte pode fazer: declarou que Cuba seria o único país na América Latina que deu dignidade a seu povo. Ignorância histórica? Alucinação momentânea?

A verdade, longe da autopropaganda da ilha, conhecida por todos que lá estiveram e não são obnubilados pela ideologia é outra.

Passa-se fome em Cuba. A ilha já foi socorrida com alimentos por vários países (inclusive o Brasil) e pela ONU. Não consegue, com os meios de produção dominados por um Estado ineficiente e corrupto, produzir o mínimo para alimentar seu povo.

Os serviços públicos são um descalabro. Não há transportes com um mínimo de frequência e de qualidade. Não há energia elétrica minimamente confiável (apagões duram dias). Faltam calçados e vestimentas. E falta liberdade. Não para a cúpula comunista, que vive no luxo.

Desde a década de 1960, Cuba vive de esmolas. Antes da União Soviética. Quando esta faliu, da Venezuela. Hoje as migalhas são dadas pelo México.

Essa a situação de dignidade de que fala nosso presidente. E quando fala, é porque julga que Cuba é um exemplo a ser seguido, e não Coreia do Sul ou Singapura. Cuba experimentou mais de sessenta anos de pobreza e opressão. Mais de duas gerações viveram uma vida sem esperanças.

E vai aqui um fato que resume tudo: em 1959, quando Fidel e o comunismo se apossaram de Cuba, o país mais pobre do mundo era Botswana. Cuba era um país próspero, com renda seis vezes maior que a de Botswana. Hoje, a renda do país africano é o dobro da de Cuba. Alerta, leitor. Os caminhos que nos apontam levam ao abismo. Não é o que queremos para nossos filhos.