Dilma mostra despreparo ao dar bronca em ministros
18 julho 2015 às 12h30

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Dois excelentes jornalistas e dois furos de reportagem:
Natuza Nery, da “Folha de S. Paulo”, em reportagem do dia 12 deste mês relata uma fantástica reunião de Dilma com auxiliares, a fina flor do petismo da antecâmara governamental: os ministros José Eduardo Cardozo, Edinho Silva e Aloizio Mercadante; e mais o assessor Giles Azevedo. Foi no dia 26 de junho passado, no Palácio da Alvorada. A presidente estava bastante autêntica nesse dia de espinafração geral, e pelo menos três frases merecem registro. Teriam sido ditas por uma Dilma furiosa, andando em círculos e gesticulando muito, e se referiam à delação de Ricardo Pessoa, da UTC, que é um dardo envenenado na direção da presidente:
— “Eu não vou pagar pela m… dos outros!” – disse Dilma sem explicitar a quem se referia.
— “Você não poderia ter pedido ao Teori para aguardar quatro ou cinco dias para homologar a delação?” – fuzilou a presidente em direção a José Eduardo Cardozo.
— “Cardozo, você f… minha viagem!” – mencionando sua ida aos EUA, ainda para o ministro da Justiça.
Comentários: a primeira afirmação e a última mostram que a presidente definitivamente não tem nível educacional nem serenidade para estar onde se encontra. A última demonstra de sobejo que José Eduardo Cardozo, tivesse um mínimo de dignidade, teria pedido demissão. A do meio levanta uma sombra de suspeita sobre um ministro do Supremo. Deixa-se Teori Zavaski levar pela presidente, tendo como menino de recados o ministro da Justiça? Isso tudo é Dilma em estado puro, na sua mais alta autenticidade.
Gerson Camarotti, da Globo, relata um estranho, para não dizer surreal, encontro ocorrido no Porto, em Portugal, no dia 7 deste mês, onde Dilma escalou em sua viagem para Ufá, na Rússia. Participantes do tête-à-tête: Dilma, Cardozo (sempre ele) e Lewandowski. Encontro que não constou da agenda de nenhuma das três autoridades, e que poderia (e deveria) ter-se realizado no Brasil, já que, segundo Cardozo, tratou do reajuste do Judiciário, votado pelo Congresso e em vias de ser vetado pela presidente. O encontro realizado assim, às escondidas, entre duas autoridades de um executivo na mira do Supremo, por várias acusações de corrupção na operação Lava Jato, e um ministro daquela corte, que no momento, além do mais a preside, muitas vezes acusado de simpatia pelo petismo, dá margem a muitas especulações.
