Cineasta Cacá Diegues discute violência, mas omite a questão das drogas e ataca a polícia

12 setembro 2015 às 13h26
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O permanente ataque à polícia brasileira faz parte de um catecismo da esquerda démodé
Paulo Francis, cujos comentários jornalísticos fazem falta, tanto por serem inteligentes, como por serem beneficamente cáusticos, dizia sobre o cinema brasileiro que não valia o celuloide que gastava. Se examinarmos a trajetória de nosso cinema, temos que concordar com ele. Nunca um filme brasileiro conquistou um prêmio maior, uma verdadeira medalha olímpica de ouro, que seria um Oscar de melhor filme estrangeiro.
Que nossos queridos argentinos por duas vezes ganharam, a África do Sul uma vez e até a pequenina Costa do Marfim também uma.
Prêmios expressivos, mas secundários perante o Oscar, como o Urso de Ouro do Festival de Berlim, o Leão de Ouro do Festival de Veneza, a Palma de Ouro do Festival de Cannes, ou o Globo de Ouro, de Beverly Hills, somente três filmes nacionais conquistaram: “O Pagador de Promessas” em 1962, “Central do Brasil” em 1998 e “Tropa de Elite” em 2008. É muito pouco para premiações que são outorgadas desde as décadas de 1930 e 1940.
O Brasil sempre fez bonito em música, nunca em cinema. Os prêmios que conquista nos festivais de quinta categoria, como o de Havana, merecem ficar escondidos, até porque são dados a filmes que o público sempre se recusa a ver.
Cacá Diegues é um desses cineastas brasileiros, que a imprensa brasileira classifica como “um dos mais premiados”. Fez uns trinta filmes e ganhou muitos prêmios, é verdade, mas daqueles que falei: de festivaizinhos subdesenvolvidos. Nenhum globo, palma, urso ou leão de ouro. Oscar, então, nem passou por perto.
Cacá, que está precisando entender um pouco mais de cinema (nunca é tarde para se aprender) resolveu entender de segurança pública do Rio de Janeiro. Publicou na semana passada um artigo em “O Globo”, com o título de “Raio (sic) X das armas”, no qual faz algumas ponderações pertinentes, como a de que o único serviço público que sobe o morro é a polícia, e a de que criminosos expulsos de uma favela foram se juntar aos criminosos de onde não havia UPP, que é pífio o combate ao tráfico de armas e que é reduzido o contingente policial da cidade.
Mas sua análise é omissa, quando nem de longe fala em um combate à raiz da questão, que são as drogas, e quando investe sobre a polícia, cacoete da esquerda, que vê nos policiais um componente das “classes opressoras” e o conjunto da bandidagem parte das “classes oprimidas”, a fazer suas “reinvindicações sociais”.
Escreve Cacá: “A Polícia Militar foi criada quando Dom João VI, o soberano português, chegou ao Brasil em 1808. Tratava-se de uma corporação militar preparada para a guerra e criada para proteger Sua Majestade da população nativa, aquele bando de índios e mulatos em que não se podia confiar. A PM foi treinada para ser a polícia do rei, e não da sociedade, e assim continuou a serviço da oligarquia patriarcal que controla o Brasil desde sempre. Ela não foi educada para agir como um serviço prestado pelo Estado aos cidadãos, mas como um batalhão disposto a atirar em quem enchesse o saco”.
Rio e São Paulo eram, até a década de 1980, cidades relativamente seguras. Hoje, enquanto o Rio é uma das cidades mais violentas do Brasil, São Paulo continua com níveis razoáveis de criminalidade. Falando do mais violento dos crimes, o assassinato, mata-se duas vezes mais no Rio do que em São Paulo. Seria então a polícia paulista “proletária” e a carioca, como quer Cacá Diegues “burguesa”? Reside nessa diferença a diferença de criminalidade entre as duas cidades (ou os dois Estados)? Sobra maniqueísmo para esses esquerdistas. As polícias são as mesmas. Só que a carioca é menos compreendida e valorizada.
O governo de São Paulo apenas não gasta com “jeitinhos”, quando se trata de marginalidade. O encarceramento em São Paulo é quase o dobro do carioca, e a polícia não está acuada, como no Rio, onde seu bisonho secretário de segurança acha que ela não deve portar fuzis, embora os traficantes o façam e não deve reagir quando sofrer agressões físicas de marginais ou desordeiros. Onde as balas perdidas são sempre dadas como saídas das armas policiais, nunca das armas dos bandidos.