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O químico franco-belga Antoine Lavoisier (1743-1794) disse que “neste mundo nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Por simplificação, influenciados por esta lei, muitos acreditam poder adaptar esta ideia à economia, onde nada se criaria, mas tudo se dividiria. O que induz à falácia de que se alguém se apropria de uma fatia maior de um bolo o faz em prejuízo de outro.

Seria o resultado de um jogo de soma zero. Sendo, pois, a pobreza resultado de uma distribuição injusta. Os ricos estariam sendo privilegiados, segundo essa visão, por conseguirem as maiores fatias. Sendo assim deveriam ser condenáveis sob o aspecto moral. Estariam apropriando-se ilegitimamente de parte do que deveria ser dos desprivilegiados.

A verdade, porém, é outra. A atividade econômica cria valores. Uma tela e um pincel nas mãos do Picasso fazem o produto final valer mais do que a soma das partes. Uma semente plantada e cuidada resulta em mais valia na colheita. Consequentemente mais valor a ser distribuído. Como também destrói valores. Uma invasão do MST, que depreda fazendas reduz o valor do patrimônio nacional.

A desigualdade das condições econômicas dos cidadãos deve-se aos critérios de distribuição. No regime capitalista as porções são distribuídas em relação à criação de valores — os que geram riqueza apropriam-se dos resultados. É um estímulo à criação e investimento. O que resulta em enriquecimento pessoal e do todo.

No socialismo, em tese, as colheitas seriam distribuídas em quantidades iguais. Se as colheitas forem abundantes, todos terão uma parcela satisfatória da colheita. Se não forem, todos serão apenados. A igualdade de resultados independe da contribuição pessoal, o que desestimula a criação de riqueza. Empobrece o indivíduo e, pela somatória, o todo. O que se comprovou desastroso na prática.

A pobreza sob todos os aspectos é inconveniente: socialmente é perigosa por gerar conflitos e, moralmente, por ser desumana. Devemos, portanto, combatê-la. Temos duas variáveis para enfrentar o desafio: aumentar o todo e melhorar a qualidade da sua distribuição.

Como não há como melhorar as fatias de um bolo insuficiente para satisfazer o todo, temos que aumentar o seu tamanho. Por maior que sejam as fatias de um bolo pequeno, não atenderá a todos. Distribuir pobreza não gera riqueza.

No Brasil, o PIB per capita está estagnado há décadas.  Mas a pobreza cresce. Ela cresce na exata proporção que aumenta o custo da máquina governamental. Como esta abocanha cada vez mais do PIB bruto, diminui o PIB líquido (PIB per capita bruto menos o custo per capita do custeio do governo), consequência é o aumento da pobreza.

 Portanto as propostas de redução da pobreza só com base na redistribuição é uma miragem. Só por milagre, os socialistas conseguiriam reduzir a pobreza sem melhorar o PIB líquido per capita. A distribuição da riqueza tem o seu limite no seu tamanho. Há, pois, que incentivar a criação de riqueza líquida per capita, aumentando a produtividade e reduzindo os gastos do governo.

No Sermão da Montanha, segundo a Bíblia, Jesus multiplicou os pães e os peixes para alimentar a multidão que o ouvia. Moisés, no deserto, fazia chover o Maná para dar de comer aos que o seguiam. Foram ações socialistas bem-sucedidas, não com base na realidade, mas no milagre. Os que tiverem fé em novos profetas que apostem no fim da miséria pelos milagres da multiplicação dos pães e das chuvas de Manás.