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A guerra militar será evitada se nos mercados internacionais houver um embate de dois modelos: uma ditadura capitalista versus  a democracia capitalista

“Quanto mais você olha para trás, mais longe você vê adiante”. — Winston Churchill

O desafio dos Estados Unidos será renovar-se para competir com a China, não com métodos mercantilistas, fechamento da economia, mas em uma disputa legítima pelos mercados. A guerra militar será evitada, se nos mercados internacionais houver um embate de dois modelos: uma ditadura capitalista versus a democracia capitalista. O mundo ganharia com isto.

Este livro sugere que a grande “batalha” é entre os Estados Unidos e a China

Tucídides, no seu livro “A Guerra no Peloponeso”, analisa a guerra entre Esparta e Atenas em que atuou como general. Como historiador não se limitou a descrever os acontecimentos, mas deu uma grande contribuição ao identificar as causas das guerras. Ele foi o pioneiro do que hoje chamamos realpolitik. Enquanto muitos atribuíam às guerras causas diversas, Tucídides, com grande acuidade, foi ao ponto. Identificou e criou uma lei: “Quando uma potência em ascensão ameaça desbancar a dominante, o estresse natural resultante transforma a possibilidade de um choque violento em regra, não em exceção”. Lei que ficou conhecida como “a armadilha de Tucídides”.

A Guerra do Peloponeso, assunto-enredo do livro “A Caminho da Guerra — Os Estados Unidos e a China Conseguirão Escapar da Armadilha de Tucídides” (Intrínseca, 495 páginas, tradução de Cassio de Arantes Leite), do professor de Harvard Graham Allison, é uma análise do passado para melhor enfrentar o futuro. Como dizia o britânico Winston Churchill, citado no livro, “quanto mais você olha para trás, mais longe você vê adiante”. E a Guerra do Peloponeso foi um divisor de águas na história grega e nos anais da civilização ocidental. A qual merece ser estudada com vistas ao potencial belicoso entre os USA e a China. É o que o autor faz com muita competência. A sua visão é inquietadora. Levantou a história dos últimos quinhentos anos, em que de 16 desafios à Armadilha de Tucídides, só quatro não terminaram em guerra. Como intelectual é ponderado, vê o risco atual, mas não o considera inevitável. Tem consciência de que a China ameaça o poderio americano e do estresse causado pela ameaça no estado de ânimo das suas lideranças políticas.

Com admirável isenção de ânimo, Allison analisa as guerras mencionadas. Não só destaca os riscos de situações que saem do controle, que podem desencadear uma guerra, como qualifica como perigosas duas características da psicológica humana: a hubris, que é consciência da própria importância, o amor-próprio; e a paranoia, que é o medo irracional. Dos 16 casos estudados, que ameaçaram uma guerra, em só quatro elas foram evitadas. “Nas atuais circunstâncias, os Estados Unidos e China podem igualmente evitar a guerra, mas só se conseguirem internalizar duas duras verdades: primeira, na trajetória atual, a guerra entre os dois países, nas próximas décadas, não é somente possível, como também muito mais provável do que hoje se admite. Na verdade, a depender do registro histórico, é muito provável que aconteça de fato. Além disso, ao subestimar o perigo, contribuímos para o risco. Se os líderes em Pequim e Washington continuarem a fazer o que fizeram na última década, a guerra é quase uma certeza. Segunda, a guerra não é inevitável. A história mostra que grandes potências dominantes conseguem gerir as relações com os rivais, mesmo os que ameaçam sobrepujá-las, sem dar início a um conflito.”

Graham Allison, professor de Harvard | Foto: Reprodução

Segundo Allison os americanos gostam de criticar os chineses. Esquecem que há apenas um século, o presidente dos Estados Unidos Theodor Roosevelt (1858-1919) expandia o imperialismo americano sem escrúpulos. Nas décadas seguintes interviram em Cuba, Guatemala, Guam, Porto Rico, Filipinas, Havaí. Os chineses têm sido mais contidos. Até agora só combateram no front econômico, com algumas incursões militares em pequenas ilhas na sua proximidade. Nem Taiwan, ainda, foi militarmente desrespeitada e Hong Kong foi recuperada em acordo negociado com o Reino Unido.

A assertividade atual de Pequim em seus arredores, particularmente ao longo da sua fronteira, torna possível perceber um reflexo das ações de Teddy Roosevelt no Caribe? Se a China se tornasse agora tão exigente quanto os USA eram naquela época, os atuais líderes americanos encontrariam uma maneira de se adaptar de forma eficaz quanto os britânicos?  De administrar a guerra fria por décadas como fizeram com a URSS? Pergunta o autor e conclui: “Examinando o registro histórico até o momento, as diferenças entre Xi [Jinping, presidente da China] e Theodore Roosevelt são mais evidentes que as semelhanças”. Xi segue o jogo chinês Go, que prevê vinte lances à frente e trabalha metodicamente para encarar as jogadas, mudando gradualmente, mas de forma avassaladora. Já os americanos jogam xadrez, com a visão de cinco a seis lances. A cultura de um é medida em cinco milênios de história e do outro em “quarters”. Samuel Huntington, autor do “Choque de Civilizações” (Objetiva, 456 páginas, tradução de M. H. C. Côrtes), citado no texto, com reforço das diferenças culturais, definiu: “os chineses tendem a pensar na evolução de sua sociedade em termos de séculos e milênios… enquanto as convicções americanas em esquecer o passado, ignorar o futuro e focar na maximização dos ganhos imediatos”.

Donald Trump: o “rugido” do leão republicano não incomodou a China  | Foto: Reprodução.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, temeroso do avanço chinês, belicoso como mocinho de filme do faroeste, sacou o revólver do coldre. Deu alguns tiros dando início a uma guerra comercial. Revanchismo é o lema na porta da sala do xerife. Os Estados Unidos e a China, visivelmente, estão em rota de colisão. Os americanos acordaram assustados com o avanço da China. Ela é hoje uma potência industrial e tecnológica. Despertos viram cair por terra uma série de ilusões: “Que a China só tinha como diferencial competitivo a mão de obra barata e produtos sem valor agregado e que à abertura ao trânsito internacional se seguiria, como na URSS, a liberdade política”. Surpreendeu-os a resiliência da ditadura do Partido Comunista. Não só se manteve como ganhou eficiência. Não há sinais de mudanças no modelo político à vista. Aposta que fizeram Nixon e Kissinger. Chegando Nixon a questionar: “Será que criamos um Frankenstein?”

A hegemonia dos Estados Unidos está ameaçada. Acostumados a, desde a Segunda Guerra Mundial(1939-1945), ditar as relações internacionais, os americanos dão sinais evidentes de insegurança. Naqueles anos, o seu único competidor internacional, era a União Soviética. Uma potência militar, mas com pés de barro. Tinha uma economia fraca. Baseada na economia de comando que não tem o vigor da de mercado. Tanto que não teve fôlego para enfrentar o desafio americano. Sem uma economia forte, não se sustenta um poderio militar. Em termos modernos, mede-se este poder em quantidade de navios, ogivas, foguetes, cibernética …que um país pode comprar em um ano. Neste termos, economicamente, a China já superou os Estados Unidos.

Segundo a armadilha de Tucídides, os EUA e a China estão destinados à guerra?  Graham Allison formula a questão e tenta dar uma resposta. Em seu livro, assume que a ameaça existe. Discute a dicotomia: uma guerra é evitável ou inevitável? O autor fala com a autoridade de diretor do Belfer Center for Science and International Affair, da Universidade Harvard, reitor fundador da John Kennedy School of Goverment e atuou como conselheiro do Departamento de Defesa nos governos Reagan, Clinton e Obama. Avaliado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, como um dos mais perspicazes observadores das relações internacionais.

Xi Jinping e Joe Biden: guerra econômica, por enquanto | Foto: Reprodução

A reação americana tem fundamentos. Segundo Allison: “O mundo nunca viu nada como a mudança sísmica no poder global gerada pela ascensão da China. Se fosse uma empresa, os Estados Unidos teriam representado 50% do mercado econômico global nos anos após a Segunda Guerra Mundial. Em 1980, essa proporção declinara para 22%. Três décadas depois de um crescimento chinês de dois dígitos, a parte americana reduziu-se a 16%… a persistir a tendência, declinará nas próximas três décadas a 11%. Nesse período a economia chinesa global saltou de 2% em 1980 para 18% em 2016 e ruma célere para os 30% em 2040. O PIB Chinês passou em 1980 de 7% do EUA para 61% em 2015”. Não só a China faz, mas faz em alta velocidade. O colunista do “New York Times” Thomas Friedman confessou ter ficado de boca aberta quando soube que um Centro de Convenções, sede do Fórum Econômico Mundial, foi construído em apenas oito meses. Enquanto uma equipe do Metrô de Washington levou o mesmo tempo para concertar duas escadas rolantes minúsculas.

Lee Kuan Yew (1923-2015), estadista internacionalmente respeitado, que transformou Singapura de uma aldeia de pescadores em uma rica e grande metrópole, explicava, que: “Pelo conceito antigo, o equilíbrio de poder significava, como afirmava Hillary Clinton, em grande parte poderio militar. Nos termos de hoje, é uma combinação de poder econômico e militar, e creio que o poderio econômico supera o militar”. Seguindo nos seus comentários, diz ele: “A China está absorvendo os países do sudoeste asiático em seu sistema econômico devido à seu vasto mercado e poder de compra. Japão e Coreia [do Sul] também serão sugados. Ela simplesmente absorve os países sem ter de recorrer à força. Será muito difícil combater a influência econômica crescente da China”. Ou, na versão chinesa da regra de ouro: “Quem tem o ouro dita as regras”.

Tucídides: historiador grego | Imagem: Reprodução

Além das realizações sem conta na construção de trens balas, cidades inteiras, aeroportos …é notável o desenvolvimento humano na China. Há uma geração 90% dos chineses viviam com menos de dois dólares por dia. Hoje a proporção caiu para 3%. A renda per capita média subiu de 193 dólares em 1980 para 8.100, atualmente. Segundo o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick: “Entre 1981 e 2004, a China conseguiu tirar meio bilhão de pessoas da pobreza extrema”. Segundo a Universidade de Stanford, em comparação dos alunos de ensino médio, os chineses chegam com vantagem de três anos de capacidade para o pensamento crítico.

Os chineses mostraram em Taiwan que são capazes de viver em uma democracia com ênfase na economia de mercado, se um dia chegar a hora. Se fosse uma nação independente, estaria entre os países mais prósperos do mundo. Sua dedicada população de 23 milhões de habitantes gerou uma economia duas vezes maior que Filipinas, Tailândia ou Vietnã. Uma nação, que se estivesse na União Europeia, seria a terceira nação entre os seus membros. Em uma guerra entre China e Estados Unidos, a primeira vítima será Taiwan. A China sentir-se-ia à vontade para impor a sua soberania no país.

Deng Xiaoping: o comunista que modernizou a China | Foto: Reprodução

Napoleão é mencionado no livro como tendo advertido o mundo a “deixar a China dormir, pois, quando acordar, o mundo tremerá”. Xi Jinping diz querer “fazer a China grande outra vez”. E tem credencias para tanto. A ascensão da China, como potência mundial, aconteceu quando Deng Xiaoping (1904-1977), no final da década de 70, decidiu liderar a China em uma marcha acelerada rumo ao mercado. Singapura era vista como um laboratório e foi estudado por Deng. Um governo autoritário e economia de mercado. A China politicamente é uma réplica da Singapura que deu certo. Politicamente a China lembra a República de Platão, onde só votava uma elite. Nela a elite é o partido, que escolhe 4 mil representantes, que elegem nove membros para dirigir o país. Na verdade, uma ditadura aristocrática. Modelo perigoso se em mãos inconvenientes, mas muito mais assertivo do que a democracia, com o governo dividido entre três poderes. A democracia é o regime ideal na defesa do indivíduo, mas perde em efetividade. A China tem Xi Jinping um líder com um histórico admirável, como comentado elogiosamente no livro. De origem modesta, vida sofrida, destacou-se no partido como excelente administrador.

Xi Jinping é um sobrevivente da loucura da Revolução Cultural maoísta. Segundo Lee, “ele aprendeu a enxergar além das coisas superficiais: as flores, as glórias e os aplausos. Numa comparação incomum, afirma que Xi emergiu no mundo com ferro em sua alma”. Naquela que é decerto a mais incomum das comparações o equiparou a outro líder mundial, Nelson Mandela, “uma pessoa que não permite que as adversidades ou sofrimentos pessoais afetem seu julgamento”. E adversidades não faltaram na vida de Xi. Aos nove anos teve o país sequestrado pelo paranoico Mao Tsé-tung. Enviado para reeducação no campo, viveu em uma caverna, numa aldeia rural, escavando esterco e sujeitando-se às exigências de seu capataz camponês. Sua irmã mais velha não suportando os maus tratos, suicidou-se. Xi preferiu a realidade ao suicídio.

Com a ajuda de alguns amigos do seu pai, Xi Jinping conseguiu formar-se na prestigiosa Universidade de Tsinghua., A partir daí fez carreira até conseguir uma cadeira no Comitê Central do Partido Comunista. Adquiriu a reputação de disciplina e retidão o que foi recompensado com a eleição, pelos quatrocentos principais líderes do Partido, para o Comitê Permanente de nove membros, que liderariam a nação nos próximos cinco anos. No governo, Xi cresceu, concentra agora um nível de poder maior do que qualquer dos seus antecessores. Estudioso, analisou as causas do fracasso de Mikhail Gorbachev, que levou a União Soviética à falência, e identificou três erros: “Relaxou o controle político antes de reformar a economia do país; assim como os seus predecessores, permitiu que o Partido Comunista se tornasse corrupto e perdesse o sentido; e nacionalizou o exército soviético, exigindo que os comandantes jurassem fidelidade à nação, não ao partido e ao seu líder”.

Na sua atuação, Xi mantém forte controle político, combateu ferozmente a corrupção no partido (ou foi expurgo de adversários políticos?); e exige fidelidade do exército ao partido e a ele. “Fiquem de olho nesse homem”, alertou Lee quando Xi foi alçado, como desconhecido tecnocrata para à Presidência. Saber quem é Xi Jinping é necessário para ter-se em conta o nível de adversário que está do outro lado do tabuleiro.

Uma guerra do fim do mundo

Uma guerra com os recursos modernos será uma guerra sem vencedores. Hiperbolicamente pode ser comparada ao Armagedom. Uma guerra do fim do mundo, parafraseando o escritor e crítico Mario Vargas Llosa. Não só as bombas nucleares, mas também os ataques cibernéticos, nas estruturas militares e civis, tornaria a vida impossível em qualquer canto da Terra.

O grande risco será se as lideranças resolverem jogar o “jogo do fracote”. Uma disputa entre adolescentes na década de 50, em que dois carros potentes, aceleram um contra o outro. O primeiro a desviar era considerado covarde. Ou morriam os dois. Vale a pena relembrar os fatores hubris e paranoia. As decisões podem fugir ao controle por causas emocionais, ansiedade, má interpretação de algum fato, interesses políticos e, por que não, sabotagem. Um terceiro interessado, em atear fogo no mundo, como por exemplo, um ato de desespero da Coreia do Norte, que é um barril de pólvora, uma bomba-relógio.

O autor da, em um exercício de otimismo, doze pistas para a paz.  São análises detalharas dos casos de Espanha e Portugal, que foram arbitrados pelo papa Alexandre VI e resolvido com o Tratado de Tordesilhas; Alemanha vs. Grã-Bretanha e França, que forjou a União Europeia; Estados Unidos vs. Grã-Bretanha, que a par de uma série de razões prevaleceu um “frio realismo” dos britânicos.; e URSS vs., Estados Unidos, que, exauridos na Segunda Guerra Mundial, praticara a “Guerra fFia”, termo cunhado num romance distópico de George Orwell, “1984”.

Acomodar não é o mesmo que apaziguar. São significados diferentes no campo estratégico. Acomodação é uma tentativa séria de se adaptar a uma nova balança de poder na prática, extraindo o melhor das tendências desfavoráveis sem recorrer a meios militares. A política britânica em relação aos Estados Unidos no fim do século XIX e início do XX, cujo objetivo era evitar a guerra a qualquer preço, oferece um exemplo de acomodação. Reagan dizia que uma guerra nuclear não tem vencedores, portanto deve ser evitada.

Uma alternativa aventada no texto seria uma paz negociada com a China. Um hiato de 25 anos que impusesse restrições consideráveis a algumas áreas de sua competição. A Paz de Péricles dos Trinta Anos entre Atenas e Esparta, a détente EUA-URSS na década de 1970, o Tratado das Tordesilhas entre Portugal-Espanha… encontraram maneiras de se acomodar a circunstâncias intoleráveis.

Lee Kuan Yew: notável líder de Singapura | Foto: Reprodução

Lee, com a sua sabedoria e erudição, encerra as conclusões do texto: “A tecnologia vem deixando o atual sistema de governo obsoleto. Jovens urbanos com smartphones não podem ser governados muito tempo pelos burocratas de Pequim que rastreiam os cidadãos como parte de um sistema de ‘crédito social’ onipresente. Lee identificou uma série de fatores que tornam a mudança chinesa mais difícil: inexistência de Estado de direito; controle central excessivo; hábitos culturais que limitam a imaginação e a criatividade; uma língua” que modela o pensamento por meio de epigramas e quatro mil anos de textos sugerindo que tudo o que vale a pena dizer já foi dito, e melhor, por escritores do passado”; e a incapacidade de atrair e assimilar o talento de outras sociedades. Nesta observação pode estar, se comprovada, a validade de uma trégua para deixa que o dinamismo da democracia americana tenha tempo para recompor a liberdade econômica comprometida burocraticamente e voltar a ser a líder do capitalismo no mundo. A batalha será travada no campo econômico. O desafio dos USA será renovar-se para competir, não com métodos mercantilistas, fechamento da economia, mas em uma disputa legítima pelos mercados. A guerra militar será evitada se nos mercados internacionais houver um embate de dois modelos: uma ditadura capitalista vs.  a democracia capitalista. O mundo ganharia com isto.

Uma palavra final

Ao ler e reler o texto do “A Caminho da Guerra”, fui descortinando uma visão mais abrangente da geopolítica. Surpreende, ao penetrar nas minúcias dos bastidores da história a ingenuidade, como formulamos crenças e ideias mal fundamentadas. Prosaicamente falando a leitura dá a sensação de, mal comparando, estarmos como o gado em fila de matadouro. Disputando o lugar na fila para ser sacrificado primeiro. Andamos sem saber por que ir.

Este livro deve ser lido no seu todo. Uma resenha não é mais do que um trailer. Penetrar a fundo na riqueza de informações e nas inteligentes conclusões do autor são necessárias para quem quer entender o seu papel nas filas deste matadouro, que são as relações internacionais. É de dar arrepio ao ler os desdobramentos possíveis e até prováveis de uma Terceira Guerra Mundial, que certamente será a última.

Winston Churchill: um estadista como o britânico faz falta | Foto: Reprodução

Este é um texto que pode ser lido como entretenimento, pois é rico de histórias bem escritas.  É a de história de uma fase da humanidade. Pode também ser lido como material de estudo, de reflexão. Allison vai fundo nos casos que analisa. Perde-se um pouco na conclusão ao dar ênfase a importância (que certamente tem) dos consultores de política internacional. O seu caso. Eles são importantes como conselheiros, mas a sorte depende de um estadista de visão como foram Churchill, Margaret Thatcher, Ronald Reagan, Angela Merkel, Deng e, agora, Xi Jinping. Visto assim, isto torna-se uma razão para o pessimismo, diante da pobreza das atuais lideranças mundiais.

Ademais, as resenhas cumprem um papel duplo: servem para divulgar novas publicações de temas diversos para ajudar o potencial leitor na escolha de livros e também enriquecimento cultural. Ninguém consegue ler tudo o que é publicado. Ler resenhas é um recurso de ter ao menos noção do desenvolvimento de novas ideias. Certamente uma minoria interessada vai à leitura do texto completo, a maioria dos que leem as resenhas ficara atualizada com relação a um lançamento no mercado editorial.

Ainda que acreditassem alguns que a leitura de livros estaria superada pela velocidade das informações on time propiciadas pela internet. Está poderá substituir a informação, a notícia, mas não são substitutas eficazes no estudo mais aprofundado dos grandes temas no campo do pensamento. Os livros impressos poderão perder espaço para o virtual, mas continuarão a ser lidos como instrumentos de reflexão. As livrarias físicas poderão ter seu alcance reduzido, mas os livros continuarão a ser comprados pela internet… e lidos. Isto porque somos seres que têm sede de saber e de diversão. Nós continuamos evoluindo os nossos pensamentos. Novas ideias nos esperam. Esta resenha alerta para uma delas. Leia.